
Tango foi o nome de código para um inspetor da PJ que conseguiu infiltrar-se uma das células do Primeiro Comando da Capital, organização criminosa brasileira, apresentando-se como especialista em transportes de droga, por via marítima, conseguiu que se procedesse à apreensão de uma tonelada de cocaína e a prender os criminosos envolvidos na operação. Um feito notável!
Quem acompanhar as notícias com alguma atenção, dá conta de que, quase semanalmente, a polícia portuguesa, umas vezes sozinha, noutras acompanhadas por polícias de outros países, apreendem centenas de quilos, por vezes milhares, de estupefacientes, que têm como base de ‘transfer’ o território nacional.
No caso desta operação ‘Tango’, a cocaína destinava-se aos países dos Balcãs. Noutros casos, o destino são países do norte europeu.
Seja como for, aquilo que importa salientar são dois aspetos deste tráfico. O primeiro deles, é a importância de Portugal, como país mais ocidental da Europa para ser utilizado como base de distribuição de droga por grande parte do velho continente. Não é uma novidade e nem admira. A posição geográfica abre-se diretamente ao Atlântico e às costas do norte de África, tornando-se no local mais próximo dos países produtores, particularmente de cocaína e de haxixe. Tem as condições ótimas para a escala de grandes quantidades de estupefacientes.
Em segundo lugar, vale a pena sublinhar o gigantismo do PCC. Embora tenha a sua base em terras do Brasil, a eficiência da atividade criminosa levou-o a expandir-se para outras zonas do Mundo, admitindo as autoridades que, só em Portugal, terá perto de mil facínoras por sua conta para a mediação dos negócios de droga, quer nos ‘transfers’ para outros países europeus que para o estímulo do consumo interno. Um crescimento que, pelos vistos, a polícia brasileira não consegue controlar, ganhando este caráter transnacional.
É um desafio que Portugal não pode ignorar com investimentos certeiros na PJ e na Armada por forma a travar o impulso criminoso daquela organização brasileira. E não só Portugal. É um combate que obriga os governos europeus a contribuir para esta ‘guerra’ que não conhece fronteiras. l