
Marcelo Rebelo de Sousa instalou-se na casa de todos nós há várias décadas através do comentário político. De certa forma, tornou-se num familiar. Alguém de quem se gosta por fazer parte do nosso núcleo de afetos. Por essa mesma razão aplaudimo-lo nas suas vitórias, na sua ascensão à Presidência da República.
Transformou-se justamente no Presidente dos afetos devido à sua ligação com as populações. Os portugueses habituaram-se a ver o Marcelo comentador devorar o Marcelo presidente. Não se lhe leva a mal pois foi naquela qualidade que ingressou a família de cada português. Foi com espanto que se percebeu que este familiar bonacheirão, inteligente e irrequieto teria utilizado o cargo de Presidente da República para ajudar duas crianças gémeas brasileiras, a pedido do seu filho.
A notícia deu brado, porém, entendemos com indulgência este eventual atrevimento no que respeita ao acesso ao Serviço Nacional de Saúde, era o nosso velho amigo facilitando a vida a quem lhe pedia e conforme lhe era possível. É da sua própria natureza, Marcelo é um bom homem.
Com o avolumar do noticiário, veio a perceber-se que o Presidente foi longe demais. Havia a enorme possibilidade de ter cometido um crime de abuso de poder. Esta semana a PJ desencadeou operações de busca procurando esclarecer o que se passou. Veremos no que dá este enredo judicial.