
Repetem-se as notícias. Não se passa um único verão em que as páginas dos jornais não sejam salpicadas por lágrimas de sofrimento. Os dias que se queriam de alegria transformados em dias de luto. As notícias são quase diárias. Mortes por afogamento. Salvamentos de risco. Gente que desaparece levada pelas águas. Basta o calor chegar com força e o desejo de temperaturas mais amenas leva às praias milhares de veraneantes. Alguns mais distraídos, outros mais imprudentes tratam as águas com negligência, não sabendo das armadilhas e traições que nelas se escondem. O prazer transforma-se em risco e, muitas vezes, em morte.
É certo que o espírito de aventura leva a procurar praias, fluviais ou marítimas, sem vigilância, sem conhecimento das correntes. A necessidade de descoberta é uma fome. Sobretudo dos mais jovens. Viver diferente, saborear a praia de forma mais individualizada ou mais intimista. Depois, férias sem romper o desconhecido são rotina e, muitas vezes, para lá dos limites que controlamos, estão alçapões negros que traem o mais irrequieto dos espíritos. É um paradoxo interessante. Desejamos as férias, e as praias, para nos libertarmos das grilhetas do quotidiano e, em vez de aquietar os espíritos, conduz-nos aos limites do abismo.
É o caso das mortes por afogamento. Não fazem sentido. A vida é um bem absoluto. Pô-la em risco não é direito que alguém possua. É por isto mesmo, caro leitor e leitora, que lhe peço que siga o meu conselho. Não tome banho em praias não vigiadas. Não provoque águas que não conhece. Não se esqueça de que os primeiros vigilantes da sua vida no mar, são o grupo de amigos ou de familiares que estão na sua companhia. Avisem sempre quando vai dar um mergulho. Trate o mar, ou o rio, como um companheiro que se respeita. Não se afaste para águas profundas, nem se afaste daqueles que o acompanham. Não seja notícia de jornal por causa da sua tragédia. As férias, as praias têm tanto prazer para lhe oferecer que é um desperdício destruí-lo por causa de um acto irreflectido. Pois, como diz o célebre slogan 'Há mar e mar. Há ir e voltar'