
A Selecção nacional é um dos símbolos nacionais que maior adesão afectiva provoca. Mais do que o êxito, é a gestão de expectativas de sucessos, que mobiliza e fascina milhões de portugueses por todo o Mundo. Do ponto de vista simbólico é, quase sempre, o duelo de Sansão contra Golias, sendo que Portugal pelo seu atraso económico, pela insignificância política, até pela dimensão geográfica é quase sempre o mais fraco que pode vencer o mais forte. Não admira, pois, o regozijo ao empatar com a Espanha ou vitórias espantosas, como foi o último campeonato Europeu.
Acontece que este Mundial, disputado com o mesmo entusiasmo, coincide com a crise mais medonha que atravessa o Clube que mais jogadores fornece à Selecção nacional. Acontece que nenhum deles, devido a esta crise ou por outras razões, deixaram o Sporting. E agora, depois de ter insultado quem se lhe opunha, a actual criatura que expropriou o Clube aos sócios e adeptos, depois dos vários brilharetes dos que ele chamava meninos mimados, pode limpar as mãos à sua consciência. Nos últimos dias, as campanhas saídas dos seus apaniguados, ou alimentadas pelo exército de avatares que tem por sua conta nas redes sociais, desvalorizou saídas de jogadores incapazes de suportar a brutalidade do homem. Patrício respondeu como sabe contra Marrocos. Uma exibição de nível invulgar. Bruno Fernandes, William e outros mostram perante o mundo aquilo que valem e que o pequeno chefe tribal do Sporting odeia. Talento. Rigor. Competência.
É a outro filho do Sporting que se devem os golos. Cristiano Ronaldo. Vindo da escola que formou João Mário e Gelson. Uma escola que foi violentada, jogadores espancados, com a cumplicidade moral daquele que despreza atletas com esta dimensão por serem meninos mimados. A tacanhez nunca compreendeu nem aceita a grandeza dos outros. A tacanhez sempre viu a diferença como um insulto. Afinal, qune é grande e extraordinário na sua arte, não passa de um sportingado, dum traidor, de um porco, de um paineleiro e de todo o chorrilho de insultos que a mediocridade impõe aos excelentes.
Hoje, aquilo que importa é ver a nossa Selecção contribuir para a coesão afectiva do país. Construir vitórias que assumimos como nossas. Porque são símbolos. Porque não são rascas.