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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

O carro do ministro

É de uma crueldade inuma aquilo que se tem vindo a passar. Desde logo pela atribuição da responsabilidade da morte à própria vítima, sem que esteja concluído qualquer inquérito. Depois porque esse mesmo inquérito não devia ser conduzido por uma autoridade policial sob a tutela de Eduardo Cabrita.
04 de julho de 2021 às 07:00
Eduardo Cabrita
Eduardo Cabrita

Tenho consideração pessoal pelo ministro Eduardo Cabrita. Acompanho a sua carreira política há muitos anos e achava-a interessante pela sua forma de agir, de dialogar, de procurar consensos e, também, pela firmeza das suas convicções. Devo dizer que sempre procurei perceber a lógica do seu pensamento e das suas decisões. Considerei, até, que foi a escolha mais acertada quando a anterior ministra da Administração Interna foi consumida pelos incêndios de há quatro anos.

Porém, conforme se avolumam os casos e os problemas sob a sua tutela, tem vindo a modificar-se, alterar comportamentos e a assumir decisões incompreensíveis até para quem o estima.

Esta última intervenção, depois da viatura em que seguia ter atropelado mortalmente um trabalhador da autoestrada, deixa qualquer cidadão boquiaberto. A gravidade do acontecimento não pode ser varrida para debaixo do tapete como habilidosamente tem sido feito pelo amplo setor de propaganda que suporta o Governo.

É de uma crueldade inuma aquilo que se tem vindo a passar. Desde logo pela atribuição da responsabilidade da morte à própria vítima, sem que esteja concluído qualquer inquérito. Depois porque esse mesmo inquérito não devia ser conduzido por uma autoridade policial sob a tutela de Eduardo Cabrita. Não se pode falar de avaliação equidistante e crítica em contextos desta natureza. Mesmo que seja feita a melhor investigação, levará sempre a desconfiar de que foi determinado por quem manda. Finalmente, é desumano, de uma brutalidade inqualificável, abandonar as filhas menores e a viúva sem qualquer apoio para além de uma coroa de flores e um postal.

Suspeita-se, e com toda a razão, que a viatura vinha muito acima da velocidade permitida nas autoestradas. É uma prerrogativa que é usada, com muito abuso, pelos governantes de qualquer governo. Esconder da opinião pública essa informação só fomenta a indignação. E com razão. A família do infeliz trabalhador merecia uma força séria de fazer Justiça. E já agora, de humanidade.

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