'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

O Tempo das Flores

Uma esperança iluminada que sacudiu o País abrindo as mãos cheias de humanidade e de sorrisos.
30 de abril de 2017 às 07:00

Foi há quarenta e três anos. Aquele abril trazia sol no ventre. Uma esperança iluminada que sacudiu o País abrindo as mãos cheias de humanidade e de sorrisos. Aquele Abril cheirava a cravos e a sonhos. Um ponto final no tempo negro, feio, onde a liberdade tinha prisões, os livros escondiam-se, por serem proibidos, as palavras consideradas perigosas, riscadas a azul, interditas a qualquer jornal. Um tempo ruim, feito de guerra, medo e fome e aquele abril prometia claridade em todas as madrugadas que se lhe seguissem. Foi a Festa. Nesse ano, as flores da primavera, nasceram com um singular sorriso nas pétalas. Ia cumprir-se o desígnio do poeta António Gedeão: o sonho comandaria a vida.

O tempo chegou aqui e a História não pode ser injusta. O Portugal de hoje está bem distante do outro Portugal mirrado pelo medo. Não foi só o país que mudou. A acelerada transformação do mundo, graças às novas tecnologias, introduziu outra velocidade à mudança. Multiplicaram-se as escolas, as estradas e hospitais. O flagelo do analfabetismo caiu, a infelicidade da mortalidade infantil diminuiu drasticamente, a Europa escancarou as portas e os nossos olhares tornaram-se mais longínquos. As flores deram bons frutos e esse já longe abril foi farto e esperançoso.

Porém, a felicidade é apenas um momento. Nunca é a eternidade. Para trás, também ficaram feridas e prantos e sementes malignas de traição aos sonhos de Gedeão. Como fantasmas surgidos das penumbras do passado, os caciques regressaram, embora com farpelas democráticas, os predadores instalaram-se, aos poucos a miséria regressou, uma nova violência nasceu, o País falido entregou-se aos credores, a soberania falida submeteu-se aos que mandam em Bruxelas, a ausência de carácter e honradez dos novos senhores atirou-nos para o poço dos pesadelos. A felicidade deixou de passar com tanta frequência por aqui. Valeu a pena a caminhada? Valeu. Mas precisávamos que esse Abril das flores regressasse outra vez para nos amamentar com esperança.

Leia também
Leia também
Leia também
Leia também
Leia também

você vai gostar de...

Mais notícias de Piquete de Polícia

Agressão com amor

Agressão com amor

Juraram e viveram promessas de amor, fizeram de filhos, construíram vidas e, mais cedo ou mais tarde, começa a agressão.
O inferno

O inferno

Os governos, os sucessivos governos, seja qual for a cor da sua bandeira, passam pelos fogos como cão por vinha vindimada.
Afogamentos

Afogamentos

A esmagadora maioria dos óbitos, ocorridos no mar e em rios, acontece em locais sem controlo de vigilância e sem ajuda.
Absolvição

Absolvição

A tese que defendia que ele [Fernando Valente] assassinara Mónica Silva morreu na sala de julgamento.
A Operação Marquês

A Operação Marquês

Tenho ficado perturbado com os comícios que Sócrates gerou à porta do tribunal.
O ataque nuclear

O ataque nuclear

A ameaça nuclear tem como finalidade, mais do que o eventual uso da bomba, o medo.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável