
Os casos sucedem-se a uma velocidade vertiginosa. Ataques informáticos, preparativos para um ataque terrorista, bullying contra crianças, a banalização da violência, como se viu no último jogo entre Porto e Sporting, a catadupa de especialistas que proclamam tudo e o seu contrário, juízo apressado, precipitado, sem tempo para reflexão, sem tempo para a distanciação crítica face aos problemas. Impacientam-se as televisões por todo o mundo, com debates e reportagens exaustivas mas vazias, à espera que comece a guerra da Ucrânia, que não há forma de começar para, então, a violência escorrer com fartura numa imensa aluvião de medos.
O que une toda esta atmosfera que se abate sobre nós, como se estivéssemos na iminência do Apocalipse? A Internet!
Criada, e desenvolvida, como a mais potente ligação entre pessoas e povos, impulsionando a velocidade do tempo e a contração do espaço, virtuosa na sua melhor expressão, guarda no seu colo a perversidade do anti-humano.
Basta ver as explosões de ódio nas redes sociais, a ‘hackerização’ da bondade, a brutalidade bestial, o culto da guerra e da morte, o enxovalho de matilha, onde aquilo que de mais primário e animal existe dentro de cada um de nós, floresce com a alegria dos vampiros saciados de sangue.
Repito aquilo que muitas vezes tenho escrito: Eduquem os vossos filhos para lidar com o mundo virtual. Para que vivam o fascínio do belo, do encontro, da partilha, da amizade e do saber. Não deixem que a Internet seja o lugar da solidão, da aprendizagem acrítica, onde se confunde conhecimento com a impressão de que se conhece. Não permitam que esse tempo de silêncio entrecortado pela agitação febril dos dedos sobre um teclado, fique vazio de palavras ditas, segredadas, vocalizadas onde se procura encontra o significado das coisas. É uma luta constante para barrar a ignorância, a verdade imediata, a violência espetáculo, a arrogância própria do não conhecer.
A Internet é uma poderosa arma ao serviço da nossa humanidade. Cheia de alçapões, de armadilhas, de seduções que desconstroem, que brutalizam, que matam.