
Vai já longa a disputa eleitoral com debates diários, na maioria dos casos, vazios e bem longe da realidade. Sobretudo, bem longe dos cidadãos e do bom senso. Até agora, nem uma palavra sobre segurança. O único mote e que já perderam muitos minutos de conversa mole e sem qualquer consequência foi sobre a prisão perpétua. Reconheço o talento de André Ventura em conseguir na agenda política um tema vazio, impossível e que não tem respaldo na nossa norma constitucional. Fê-lo e arrastou para uma discussão sem tom, nem som, gente que deveria ser responsável e tratar o tema como ele merece: ignorando-o pura e simplesmente.
Volto ao princípio. Com exceção desta conversa meio tonta, alguém ouviu uma discussão, uma ideia que fosse, sobre o entendimento que cada partido tem no que respeita à prevenção e combate da criminalidade? Alguém escutou uma pequena ideia que fosse sobre a reorganização das forças policiais e ações de revigoramento e prestígio dos elementos que compõem estas unidades tão importantes para a estabilidade e paz pública? Já escutaram propostas para combater o grande desafio que é prevenir e reprimir a violência doméstica, aquela que mais mata em Portugal? Aconteceu alguma discussão sobre os filhos de casais que, por morte da mãe prisão do pai, ficam órfãos precocemente? Nada. Nem uma palavra. Nem uma proposta.
Portanto, que se dissipem as ilusões. O País precisa muito mais do que aquilo que ouvimos e, por inércia, discutimos. No que respeita à reformulação do Código Penal. No que respeita às Polícias. No que respeita às prisões.
E já agora, para que não se diga, que a pobreza é só nesta área de intervenção do Estado, alguém, ouviu alguma proposta concreta sobre Cultura? Ou sobre Educação?
Não pergunto mais. Deixemos que a procissão prossiga alegre e em paz a caminho daquilo que sempre foi: atrasado, culturalmente desnutrido, mirrado de intervenção cívica. Dá mais jeito prometer ilusões, mundos fantásticos e amanhãs que cantam do que enfrentar os terríveis desafios que Portugal perdeu. Não há nada a fazer. Pobretes mas alegretes, incapazes de olhar o futuro com decisão.