
O desfecho do primeiro processo movido contra Manuel Maria Carrilho por violência doméstica- no qual apenas foram julgados acontecimentos posteriores ao divórcio-acabou por ter o desfecho que há muito presumia.
O ex-ministro da cultura foi condenado a quatro anos e meio de prisão, com pena suspensa. Muito pouco, na minha singela opinião, para quem sempre disse que nunca agrediu a ex-mulher; para quem expôs na imprensa detalhes da vida privada de Bárbara Guimarães e demonstrou total indiferença pela integridade física e psicológica dos filhos.
Resta saber qual será o veredicto da justiça em relação a um segundo processo que está a decorrer e que diz respeito a factos ocorridos durante o casamento. Acompanhei de perto todo este caso e congratulo-me com o facto de a CMTV e o Correio da Manhã, ao contrário de outros órgãos de comunicação social, nunca terem virado a cara a um crime público.
A violência doméstica sofrida por Bárbara Guimarães é muito mais do que apenas um assunto da vida privada de uma figura pública. É um ato hediondo que deve ser denunciado, noticiado sem eufemismos ou pudores de qualquer espécie. Tapar os olhos, não escrever ou falar sobre o assunto é pactuar, mesmo que de forma indireta, com selvajaria no seu estado mais puro.
Ao longo de 3 anos, ouvi, incrédulo, colegas de profissão a afirmar que este tipo de notícias não cabem em jornais ou televisões de referência. Então para que servem esses mesmos jornais e televisões de referência, que estiveram "mudos" desde o final de 2013 até agora? É impossível entender, quanto mais perdoar, um homem que utiliza a força para subjugar e diminuir uma mulher. É impensável ficar em silêncio perante um crime.