
Toda a verdade do mundo dos famosos revelada em livro
Em 'Planeta Cor-de-Rosa, Cofissões de uma Diretora de Revistas de Sociedade', Luísa Jeremias conduz-nos pelos bastidores do mundo dos famosos, com muitas histórias divertidas e segredos agora desvendados. Ficam apenas alguns.
Festa que é festa tem putas, álcool, drogas e boa música? Ronaldo é a única estrela planetária? Eu uso-te, tu usas-me, nós usamo-nos.... só assim é que funciona. As redes sociais acabaram de vez com os paparazzis... e as "fake news" são apenas notícias "combinadas".
'Planeta Cor-de-Rosa, Confissões de uma Diretora de Revistas de Sociedade', da jornalista Luísa Jeremias – diretora da FLASH! – já se encontra à venda nas livrarias do país, pela Casa das Letras. O segundo livro da jornalista mergulha no universo das celebridades e da vida faz-de-conta que é mostrada nas revistas de sociedade, nos sites, na televisão, nas redes sociais. Luísa Jeremias, que dirige publicações deste segmento há mais de 15 anos, conduz-nos numa viagem pelos bastidores deste mundo de brilho e de fantasia, desvendando histórias e segredos e explicando como se faz, afinal, a relação entre imprensa e famosos.
Aristocratas, falidos, tios, candidatos a jet-setters… Croquete, papa-festas… Sabe como vivem todos eles? Do que vivem? E os paparazzi? Que é feito deles desde que os famosos passaram a ser paparazzi de si próprios e usar as redes sociais para pôr a vida toda ao sol? Quem são as verdadeiras estrelas planetárias? O que é preciso para fazer uma boa festa? Quem tem acesso? Há mesmo álcool e drogas e meninas e meninos dispostos a tudo? O que se passa à porta fechada neste mundo de glamour?
Um mundo fascinante para ser descoberto – e percebido – com muitos episódios vividos na primeira pessoa ao longo de 210 páginas. Aqui ficam apenas algumas, muito poucas, para abrir o apetite.
BEM-VINDOS AO 'REALITY SHOW' DA VIDA FAZ-DE-CONTA
"– Estou, Luísa... Sou eu, querida! Tenho de falar baixo para não me ouvirem...
– Zé?
– Sim! Sou eu...
– Mas tu podes falar? Não é suposto vocês estarem fechados dentro da 'Quinta' e não poderem falar com ninguém?
[...] Naquele arranque bombástico de programa, nós tínhamos mais do que um concorrente 'infiltrado' – tínhamos 'O' concorrente: José Castelo Branco, que naquele outono de 2004 se tinha transformado no novo assunto nacional, tal era a sua excentricidade num país pouco habituado a sair da 'normalidade'.
O Zé começara a colaborar com a revista escassos meses antes. Assinava duas páginas semanais chamadas 'Lantejoulas e Purpurinas'. E quando concordei em tê-lo como cronista da revista, mal imaginava o que podia vir por aí.
[...] Do telefonema dessa noite – o primeiro de vários enquanto estava fechado em estúdio e, alegadamente, sem poder falar com ninguém no exterior – não saiu uma linha para a revista. Mas saiu a certeza de que tudo era possível."
DO CROQUETE AOS PAPA-FESTAS E AOS QUE VIVEM À CONTA... SABE-SE LÁ COMO
"Num verão, por exemplo, andava morta por fazer uma grande almoçarada de praia, ao melhor estilo carioca. Como não podia fazer uma feijoada brasileira no Algarve – que já estava mais do que ligada à corrente 'Caras' –, inventei uma 'peixada' (carinhosamente batizada de 'peixeirada' por ser mais divertido) e lá consegui concretizar o meu desejo de ter uma festa de verão diurna, na praia, com o nome da revista e toda a gente de biquíni, canga e calções de banho, a divertir-se na areia.
[...] Com quem? Em grande parte com o 'croquete' que estava no algarve nessa época do ano. O Abel [Dias] levou a sua câmera fotográfica [...], os convidados vestiram a roupinha made in FLASH! costumizada com fitas e lantejoulas para o efeito, os biquínis vermelhos do Rodney... e foi um sucesso! Comeram, beberam, tiraram fotografias e (alguns até mergulharam nas águas fantásticas da praia do Evaristo.
Nessa tarde, a rainha foi Jô Caneças, que apareceu com o seu Álvaro, a 'entourage' das amigas que a seguiam para todo o lado e para as quais tratou de pedir biquínis extra 'porque eram tão giros'. 'Quem não chora não mama', não é o que diz a marchinha de Carnaval? E isso aplica-se a ricos e a pobres, garanto. Mais aos primeiros... se não não eram ricos! Mas não julgue que os famosos – croquete ou não – só pedem gifts quando vão aos eventos. Não Não! Às vezes, pedem também para serem convidados para os mesmos. Para estarem na guest list, faço-me entender?" [...]
ARISTOCRATAS, TIOS FALIDOS E CANDIDATOS A JET SETTERS
"Já desconfiava que a vida real não andava assim tão fácil para a velha nobreza e afins deste país. Afinal, nem o legítimo herdeiro ao trono de Portugal, Dom Duarte Pio de Bragança, escapa às 'teias de aranha'. Dono de um vasto património de propriedadesespalhadas pelo País – muitas delas também 'a render' –, o nosso rei sem coroa continua a morar numa casa senhorial para as bandas de Sintra. Contam as afiadas línguas dos jornalistas que por lá andaram que a dita é realmente modesta no seu interior. [...] O herdeiro ao trono de Portugal faz o seu dia a dia de forma comedida, sem excentricidades nem desperdício. À antiga portuguesa.
Mais: têm um fotógrafo oficial, António Homem Cardoso, e só ele está autorizado a fazer retratos de Sua alteza, cônjuge e herdeiros. Homem Cardoso está para os nossos herdeiros da coroa como Mario testino está para os Windsor (antes do escândalo de assédio sexual que o envolveu recentemente, e ao qual ninguém do mundo anglo-saxónico parece escapar).
Como se pode imaginar, na época em que a revista FLASH! pedia uma entrevista oficial a Sua Alteza, a mesma virava 'uma trabalheira' quando tocava à escolha das imagens. Não, não eram más. Calma! Eram, como dizer... descontraídas demais.
[...] O mais engraçado é que este 'filme' das sessões fotográficas em família na residência de Sintra não acontece por caaso. Dom Duarte tem um sentido de humor cáustico, britânico, apuradíssimo; e uma cultura geral ímpar. Pelo que ninguêm me convence de que estas entrevistas [...] não decorriam nesta à-vontade por acaso. No fundo, o pretendente ao tronoadorava brincar com os jornalistas e fazê-los penar um bocadinho naquele momento. Afinal, ele, como 'rei', pode tudo. Tão simples quanto isso."
Cavalos e toiros: a aristocracia rural
"A Golegã é um 'must' para quem quer encontrar a aristocracia falida mas que mantém a pose. E como é que se distingue quem está bem de finanças de quem está nas lonas? Pela roupa, em primeiro lugar. Há traje oficial para ir à Golegã – e eu estou à vontade para falar disto porque estou lá caída todos os anos: boné ou chapéu de aba direita (como aqueles que usam os toureiros a cavalo em Espanha), botas engraxadas com sebo – quanto mais usadas, melhor –, samarra ou capote.
[...] Com todo este preceito, como distinguir pelo traje os novos-ricos que andam a investir nos cavalos das famílias tradicionais que já conheceram melhores dias? Porque nos primeiros é tudo acabadinho de comprar. As botas de sebo ainda não levaram sebo ou foram substituídas por botas Timberland, os oleados são blusões de penas ou casacos de couro, os bonés não existem. Ou seja, não percebem nada de tradição."
RONALDO, A ÚNICA ESTRELA PLANETÁRIA
"Ronaldo é o topo da hierarquia para os jornalistas de sociedade portugueses. É o rei. É maravilhoso. É maravilhoso não só porque é o melhor jogador do mundo, o nosso orgulho, a nossa voz além-fronteiras, mas também... porque é manancial de histórias. E todas elas bem 'calientes', como nós gostamos.
[...] E quando já bastava de brasileiras e de espanholas e de muitas malucas que defendiam ter tido casos com o craque, eis que Ronaldo, a caminho de Madrid, de se tornar galático, dá o salto para outra dimensão. Num verão (mais uma vez), nos Estados Unidos, faz o pleno de Nova Iorque, Las Vegas e Los Angeles, cruza-se com Kim Kardashian, depois com a loira Paris Hilton que vivia os seus anos gloriosos... e tudo muda.
Noites com as divas em discotecas garantiram-lhe rumores de casos com as mesmas. Com a herdeira do império dos famosos hotéis, a coisa foi mais séria. Mulher de negócios e de visão, paris acreditou que poderia ter encontrado o seu Beckham, se ela própria fosse uma Posh loira. 'Juntos seremos mais poderosos', disse-lhe. Estava coberta de razão. Mas Ronaldo era demasiado narcisista para admitir ao lado dele alguém que lhe fizesse sombra... ou então estava verde de mais para perceber a lógica da união faz a força – na vida amorosa, como numa equipa de futebol.
De forma que nesse verão deu com os pés à rica e intocável herdeira e não se livrou dos primeiros rumores de homossexualidade. 'He's too gay', disse ela em jeito de vingança."
O PODER DA TELEVISÃO: GRANDES ESTRELAS E "CARNE PARA CANHÃO"
"Há uns anos, José Carlos Pereira entrou numa cura de desintoxicação devido ao problema de dependências (em particular de álcool) que vivia há anos.
[...] Zeca é um rapaz (ou melhor, um homem) tão bem educado como tolo nesta questão. Sempre teve um problema na vida: achar que é 'transparente', que ninguém o vê. Por isso sempre fez os maiores disparates, achando que passava ao lado dos olhos alheios. Não dos 'paparazzi' – desses até era amigo. Do público, em geral, o 'seu' público, que tanto o podia amar como criticar.
Lembro-me perfeitamente, já os problemas de alcoolismo eram conhecidos, de estar com o Zeca no Algarve, e vê-lo passar a lata da bebida energética que tomava numa noitada na discoteca da moda para o outro lado do balcãoe esta lhe ser dada de volta.
Zeca fazia isto, à frente de todos, e sorria, como se ninguém visse o que estava ali a acontecer. Valia a pena dizer alguma coisa? Não valia... Ele já era maior e vacinado e sabia a asneira (aí consciente) que fazia e que só enganava, na verdade, uma pessoa: ele próprio."
A NOVA ORDEM VIRTUAL OU... A VIDA TODA AO SOL
"[...]'Antigamente dava 140 espetáculos num ano, agora dou 40', disse-me Tony, na mesma altura, enquanto comíamos um 'cuscus marrocain' maravilhoso, no restaurante do seu amigo Manel, Les Oiseaux, a dois passos de Pigalle. 'Hoje ganho menos do que ganhava. Eu e todos os portugueses. Cheguei a pensar parar um ano quando tinha muitos concertos. temia estar a cansar o público. E o Público deu-me tanto...'
[...] Já assistiu a um espetáculo – daqueles de grande sala – de Tony Carreira? Vale a pena, garanto. Não está em causa se se gosta ou não da música. Vale a pena pelo todo, pela 'embalagem' e porque se percebe como o artista decidiu investir (e bem) na diferença. Tony gasta somas astronómicas com a montagem de cada espetáculo desetes. Podia estar bem mais abonado se não sonhasse tão alto. E a grande questão que se coloca é: neste universo de facilitismo que se vive atualmente, de 'qualquer porcaria vale', não será que ele fez o oposto do que devia? Vale a pena continuar a investir, fazer diferente, fazer melhor? Mesmo que o público seja, hoje, o mesmo que consome todas as coisas miserabilistas no Facebook, comenta, diz bem, diz mal, opina, e isso chega.
Sim, vale a pena, exatamente por esta razão: em qualquer dos casos o público – os fãs, como preferimos chamar– precisa de se sentir especial. Com beijinhos do artista, ou com a sensação de proximidade deste – nem que seja virtual – de comunicar nas redes sociais."
O incrível mundo da troca direta... que (quase) acabou
"Há uns cinco, seis anos, as bloggers eram o terror das áreas comerciais das revistas.
– Luísa, elas fazem todos os favores às marcas... sem cobrar nada! Ou a cobrar pouquíssimo. É um horror! – diziam-me uma das comerciais mais atenta e indignada da FLASH!, cansada de ouvir grandes marcas e agências de comunicação falarem da blogger 'x' e 'y' que tinha não sei quantos mil seguidores nas redes sociais e nos seus próprios blogues e estavam dispostas a fazer verdadeiros press-releases em troca de meia dúzia de tostões ou, simplesmente, de um par de ténis, usn produtos de maquilhagem... qualquer coisa.
Desde então até hoje, inevitavelmente este mundo também se 'profissionalizou'. Separou-se o trigo do joio. As bloggers realmente vocacionadas para moda, que investiam, que eram atentas, que mantinham o seu público contentinho com as dicas diárias que passavam nas suas páginas evoluíram para 'empresárias'. Quase todas se instalaram em grandes plataformas, fizeram acordos com agências que lhes tratavam do lado mais comercial do seu negócio que começava a expandir e a crescer mais e mais. E, não contentes com o trabalho ali e nas redes sociais, alargaram o âmbito da sua ação aos eventos. Começaram a aparecer e a organizar, inclusivamente.
[...] Quem perde no meio disto tudo? As revistas, claro, inclusivamente as especializadas, que não se adaptaram devidamente – quer editorail, quer comercialmente – à realidade, mantiveram os preconceitos todos tão comuns entre jornalqistas e foram perdendo leitores e clientes (leia-se, anunciantes)."