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Notícia
Sim, Chef!, por João Diogo Saloio - Episódio 8, Temporada 2

Cozinha com amor e conforto pelas mãos dos "filhos da mãe"

"A minha mãe cozinha melhor do que a tua!" Foi depois de muitas frases destas, de muitas conversas e noitadas à volta da mesa que três amigos decidiram abrir um restaurante com as raízes ribatejanas que trazem no ADN mas também com a comida de conforto com que cresceram e se tornaram homens apaixonados pela gastronomia. João Diogo Saloio e Raimundo Ferreira são os sócios mais visíveis – o primeiro lidera a cozinha e o segundo a sala. Rodrigo Vieira trata das burocracias. Bem-vindos ao restaurante Mãe.
Por Hélder Ramalho | 04 de novembro de 2021 às 22:34

Conheceram-se há vai para mais de 15 anos, desde os tempos de adolescência em Santarém e não escondem o orgulho nas raízes ribatejanas. A relação entre os três está para lá da amizade. "Somos irmãos", garantem. "Uma amizade com muitos anos, muitas noitadas, muitas conversas", recorda Raimundo Ferreira, 31 anos de idade. João Diogo Saloio, 35, e Rodrigo Vieira são os outros dois sócios de um projeto que só faz sentido por ser partilhado entre amigos.

Das conversas, do gosto pela cozinha e das jantaradas surgiu a ideia de abrirem um restaurante. E porque a comida da mãe é sempre a melhor do mundo, foi esse o nome que ficou: Mãe. Palavra, por si só, forte "Estávamos sempre a falar qual das nossas mães era a melhor cozinheira. Fazíamos muito jantares em casa uns dos outros e tínhamos sempre essa discussão", recorda o chef João Diogo Saloio, responsável pela cozinha. Raimundo é o homem da sala. Conquista os clientes com a boa disposição e simpatia tão ribatejanas. Apesar dos jovens 31 anos já conquistou o epíteto de 'Sôr' Raimundo. Rodrigo é o homem da retaguarda, que lida com a parte burocrática do negócio.

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FALTA DE DINHEIRO AGUÇA O ENGENHO E CRIA IMAGEM DE MARCA

O restaurante Mãe abriu portas no n.º 92B da Rua Dona Estefânia, a 8 de dezembro de 2017 – "o antigo Dia da Mãe". O arranque não foi fácil. Com o orçamento limitado, grande parte das obras ficou a cargo dos sócios, "desde as pinturas às mesas". Mas as dificuldades aguçam o engenho. O que é hoje um dos apontamentos mais marcantes do espaço, começou por ser um "desenrascanço".

João Diogo Saloio, Chef, restaurante Mãe, Lisboa Foto: D.R.
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"No início, não tínhamos muito dinheiro para a decoração e colocámos algumas fotografias das nossas mães na parede. Os clientes começaram a aderir e ficou", refere João Diogo Saloio. Já são mais de 400 fotografias de mães nas paredes do restaurante. "É uma boa ligação com os clientes. Quem coloca ali a foto acaba sempre por voltar. Como costumo dizer, são 400 mães a apoiar-nos também. Acaba por ser uma extensão da nossa equipa."

"Sempre vivi com mulheres; com a minha mãe, a minha irmã, a minha avó. Sempre estive mais ligado a mulheres. É uma ligação muito forte.

João Diogo tem uma ligação muito forte com a mãe. Aliás, tem uma ligação muito forte com as mulheres. "Sempre vivi com mulheres; com a minha mãe, a minha irmã, a minha avó. Sempre estive mais ligado a mulheres. É uma ligação muito forte. A minha mãe sempre fez tudo por mim, sempre me ajudou muito e agora é a nossa vez de retribuir", refere.

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João Diogo Saloio, Chef, restaurante Mãe, Lisboa Foto: D.R.

Foi precisamente essa ligação que lhe incutiu o gosto pela cozinha e o fez percorrer este caminho, apesar da formação em Gestão e Marketing: "Fui aprendendo a gostar. Não quis ser cozinheiro logo desde muito cedo. Na minha família tenho quatro cozinheiras. A minha avó teve um restaurante muito afamado em Santarém. Acho que vem daí. Ficou ali qualquer coisa, os sabores, os cheiros e depois fui aprendendo. Cada vez gosto mais do que faço. É uma aprendizagem constante e já não me imagino a fazer outra coisa."

João Diogo Saloio, Chef, restaurante Mãe, Lisboa Foto: D.R.
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Até aqui chegar, João Diogo Saloio fez formação em Cozinha na escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, passou pelo Barbatana, onde trabalhou com Miguel Laffan, o Hotel Tivoli e o Talho, do chef Kiko Martins, em Lisboa e pelo El Rocio em Santarém. No Mãe há muito da tradição Ribatejana – como o torricado, que o chef João Diogo Saloio preparou para a FLASH!.

"Temos muitos produtos do Ribatejo e fizemos uma grande pesquisa por várias aldeias [como Casével, terra natal da mãe de João Diogo] e entre mães de amigos, antes de abrirmos o restaurante. Arranjámos um receituário muito grande, sempre na busca de novos produtos e conseguimos esta panóplia", refere.

COZINHA COM AMOR

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É a partir desta ligação às raízes e às memórias dos pratos preparados pelas mães que nasce o conceito de "cozinha com amor". "É tentar fazer aquilo que as nossas mãe faziam para nós, que era cozinhar com carinho. Queremos fazer o mesmo para os nossos clientes. No modo como tratamos o produto, como fazemos as receitas, tudo ao pormenor. Temos uma comida de conforto mas com alguma dificuldade por trás, como os caldos e algumas técnicas que usamos. Esse foco e esse trato com o produto e com os produtores é o amor que nós damos àquilo que fazemos."

João Diogo Saloio, Chef, restaurante Mãe, Lisboa Foto: D.R.

Uma relação construída com os clientes – 70 por cento são clientes habituais. "Já nos conhecem, tratam-nos pelo nome, já são amigos", reconhece o responsável pela sala, Raimundo Ferreira. Uma ligação só possível pela cumplicidade entre quem lidera a cozinha e a sala – apesar de algumas "quezílias", prontamente sanadas. "Só dava para ser assim", defende Raimundo. "Com os dois temos sempre a sala e cozinha defendidas com amigos."

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"O João [Diogo Saloio] é muito chato, é muito minucioso. Se não estiver bem não sai. Se o prato não estiver a 100 por cento não sai da cozinha. Tirando isso não tem muitos mais defeitos"

Quando pedimos que apontem defeitos e qualidades de cada um, as falhas acabam por se revelarem virtudes. "O João é muito chato, é muito minucioso. Se não estiver bem não sai. Se o prato não estiver a 100 por cento não sai da cozinha. Tirando isso não tem muitos mais defeitos", atira o chefe de sala. "O Raimundo é muito atencioso, muito perfecionista. O trato que ele tem com os clientes é um grande ponto a favor. Todos os clientes o conhecem. Às vezes já vêm ao restaurante não só pela comida mas também para virem ter com o 'Sôr' Raimundo", brinca João Diogo.

João Diogo Saloio, Chef, restaurante Mãe, Lisboa Foto: D.R.
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O Mãe é uma casa de amigos para receber os amigos. Tal como nos tempos da infância, quando as mães cozinhavam o melhor do mundo. Esta é pois uma casa de "filhos da mãe", onde se serve "comida com amor".    

Mãe

Morada: Rua Dona Estefânia, 92B, Lisboa

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Telf.: 215 851 792

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