O caso do Château Miraval, a vinha francesa que uniu e separou Brad Pitt e Angelina Jolie
Brad Pitt e Angelina Jolie viam no Château Miraval um lugar de sonho que simbolizava a sua família, ao ponto de ter sido o reduto do seu casamento. O fim da relação, porém, transformou-o num pesadelo e em caso de Justiça.
Corria o ano de 2008 quando Brad Pitt e Angelina Jolie decidiram transformar-se nos donos do icónico Château Miraval, uma vinha na pequena localidade de Correns, no sul de França. O então casal ambicionava deter uma propriedade nesta zona do Velho Continente e ficou maravilhado com a paisagem com que se deparou.
O local, que também ficou conhecido por ter sido o reduto de gravações do álbum ‘The Wall’, dos Pink Floyd, estava agora nas mãos de um dos pares mais mediáticos do mundo, por um valor de 25 milhões de dólares, através das respetivas ‘holdings’, a Mondo Bongo de Pitt e a Nouvel de Jolie, após terem exercido uma opção de compra inicialmente delineada no contrato de arrendamento – a percentagem de cada um começara nos 60-40 em favor do ator, atualmente com 59 anos, que mais tarde venderia 10% à companheira, hoje com 48, por um valor simbólico de um euro.
Os dois viam no local utilidades distintas: enquanto Brad Pitt queria um local onde pudesse explorar a sua veia de investidor no negócio vinícola, Angelina Jolie usava-o como reduto de reuniões de cariz humanitário, relacionadas com a sua posição de enviada especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Contudo, ambos consideraram no Château Miraval o recinto ideal para o seu casamento em 2014, numa altura em que já tinham seis filhos – três foram adotados pela atriz antes da relação com Brad Pitt, e os restantes três são descendentes biológicos do par.
Se, durante anos, esta vinha representava um lugar de amor e harmonia entre o casal Brangelina, como era denominado, rapidamente se tornou num símbolo de contenda, e até teve um papel importante na separação que chocou o planeta.
A VIAGEM FATAL
Em setembro de 2016, Brad Pitt e Angelina Jolie viajaram desde a Croácia e a Jordânia, respetivamente, em direção ao sul francês e desfrutaram do local que haviam comprado, remodelado e adaptado às suas necessidades nos oito anos anteriores.
Na viagem de regresso, as discórdias que se vinham acumulando naquele que para os olhos do mundo aparentava ser o "casal perfeito" culminaram num agressivo desaguisado no interior do jato privado durante uma paragem para reabastecimento no estado norte-americano de Minnesota.
A discussão subiu de tom até um ponto em que os acontecimentos que tiveram lugar na aeronave redundaram em caso de Justiça, com o ator a ter sido acusado de atitudes violentas perante a mulher e os filhos, com as alegações a chegarem mesmo ao ponto de ataques físicos e verbais.
Pouco depois da altercação, surgiria a revelação de que a estrela de ‘Tomb Raider’ pedira o divórcio. Chegava assim ao fim a história de amor que outrora aparecia estampada em capas de jornais e revistas, que preenchia o tempo de antena das televisões e das rádios e que era discutida minuciosamente entre os fãs do mundo cor-de-rosa, quer ao vivo quer na Internet.
Este processo de divórcio prometia desde o início ser complexo e, acima de tudo, moroso, propriedades que viriam efetivamente a ser verificadas nos tempos que se seguiram. Se a disputa pela custódia dos filhos foi, naturalmente, o aspeto que mais chamou a atenção do público, havia um outro fator que se afiguraria um nó extremamente difícil de se desatar: o Château Miraval.
O CAPÍTULO SEGUINTE
No início, não aparentava que esta vinha se acabasse por transformar num arduíssimo braço-de-ferro para ambas as partes. Brad Pitt demonstrou a sua intenção de comprar a percentagem que pertencia a Angelina Jolie e, inclusive, concordariam num valor: 54,5 milhões de dólares, valor que atualmente equivale a aproximadamente 50 milhões de euros.
O único problema, na perspetiva da atriz, é que a este acordo viria anexada uma exigência que não fazia qualquer tenção de aceitar: o impedimento de se pronunciar fora de tribunal sobre qualquer comportamento que Brad Pitt havia tido consigo. Ou pelo menos, é esta a versão do seu lado, dado que, de acordo com a 'Vanity Fair', um amigo do ator declarou que esta cláusula apenas se aplicava a assuntos relacionados com o Château Miraval.
Assim, como Angelina não queria ter esta "mordaça" e Brad não queria acordo sem a cláusula, nada feito. A participação da intérprete foi mesmo vendida, não ao antigo companheiro, mas sim à Tenute del Mondo, subsidiária do grupo Stoli, que detém a conhecida marca de vodca homónima, e que pertence ao magnata russo Yuri Shefler.
Brad Pitt não escondeu a ira pela decisão de vender metade daquela que considerava ser uma casa de família a uma parte externa ao casal, e a uma entidade que acreditava ter "intenções venenosas", como se poderia ler num documento apresentado em tribunal, tendo ainda os seus representantes apontado que Shefler tinha ligações a Vladimir Putin, algo que o empresário sempre negou, declarando mesmo que condenou a guerra na Ucrânia.
Ademais, ambos discordaram sobre a existência ou não de um acordo que impedia qualquer das partes de vender a sua participação no Château Miraval sem consultar a outra, algo a que Angelina Jolie não obedeceu, até por alegar que tal acordo nunca teve lugar, ao contrário do que argumenta Brad Pitt.
O FUTURO DO CHÂTEAU MIRAVAL
A troca de mãos dos 50% da vinha levaria a uma nova sequência de polémicas. O ator declarou que a venda "criou confusão nos negócios e expôs informação confidencial para ser explorada por um competidor hostil", acusando ainda a Shefler de tentar "obter controlo do Château Miraval", manobra mais uma vez negada pelo grupo Stoli, segundo refere também a 'Vanity Fair'.
Todo este embate iria ter o seu zénite em março de 2022, quando, afirma a mesma publicação, dois agentes do tribunal comercial em Provença, que fora contactado pelo grupo Stoli, e um especialista em informática irromperam pelos portões do Miraval adentro para levar a cabo uma "interpelação espontânea", alegando "gestão inadequada" e "uso indevido de ativos corporativos" pela Mondo Bongo, que, recorde-se, pertence a Brad Pitt.
Os documentos relativos a Miraval foram apropriados pelo tribunal, que iria depois decidir se estes seriam enviados à Nouvel, a 'holding' comprada pelo grupo Stoli a Jolie. Em março de 2023, o presidente do tribunal comercial encarregado decidiu reverter a decisão, pedindo que fossem restituídos os ficheiros. Esta ordem foi alvo de recurso, estando ainda a aguardar decisão.
Enquanto tudo isto decorria, a produção de vinho rosé Miraval continuou em andamento, tendo este sido considerado o "mais apetecível vinho rosé de Provença do Mundo" pela revista 'Le Figaro', em maio deste ano. No entanto, assinala a 'The Zoe Report', a situação legal que circunda o Château Miraval criou uma nuvem de indecisão relativamente ao seu futuro, não se sabendo como é que o negócio irá reagir a futuros desenvolvimentos.
Mesmo que já se tenham passado quase sete anos desde a altercação que levou à rotura, este lugar que era de sonho para Brad Pitt e Angelina Jolie continua a ser um pesadelo que ainda hoje não tem fim à vista.