O legado de Paula Amorim. Filhos mais velhos unem-se à mãe e ao padrasto e já trabalham no novo resort da Comporta
Aos 19 anos, Paula Amorim já seguia todos os passos do pai e aprendia no terreno os meandros de um negócio que acabaria por liderar, numa inspiração que os filhos mais velhos bebem desde cedo. Apesar de todos os recursos, não quis que os herdeiros vivessem apenas numa bolha de privilégio e cedo os incentivou a deitarem mãos à obra. Hoje, é com orgulho que a empresária mostra que Francisca e Rui estão a seu lado no mais recente projeto na Comporta, transformando-se em valiosos parceiros do Grupo Amorim Luxury.Se há coisa que desde cedo Paula Amorim aprendeu é que, mais do que na universidade ou em grandes formações especializadas, a arte e o engenho do trabalho se absorvem com as mãos no terreno, a ver e ouvir com quem sabe. Foi o que fez com o pai, Américo Amorim. Self made woman, desistiu do curso de Gestão Imobiliária a meio porque lhe interessavam mais as conquistas profissionais, onde crescia a pulso.
"Eu não tenho grandes fórmulas de gestão. Sou muito mais adepta do trabalho do que da gestão. Aposto na galvanização das pessoas, que são o mais importante do negócio", disse a empresária de 54 anos de idade em entrevista à 'Exame', acrescentando que o pai foi o melhor professor universitário que poderia ter tido.
"O meu pai foi o meu mentor, a minha referência empresarial e o meu MBA. Começámos a trabalhar juntos quando eu tinha apenas 19 anos. Aprendi muito com ele e uma parte do que sou a ele o devo."
No entanto, Paula também revelou que não lhe bastaria herdar o que lhe seria deixado pela família, queria conquistar por conta própria. Se por um lado tinha o legado do clã, com a Corticeira Amorim e a Galp, por outro havia sonhos que tinha para o seu caminho. A história há muito que é conhecida, mas vale sempre a pena contá-la de novo, para reforçar este empoderamento. Quando, em 2005, decidiu abrir a Fashion Clinic, uma multimarcas de luxo na Avenida da Liberdade, a empresária poderia ter recorrido aos milhões do pai, teria sido fácil fazê-lo, mas quis ser responsável pelas suas próprias decisões e pediu um empréstimo para o negócio, concluído à revelia de Américo Amorim.
"O respeito que tenho pelo meu dinheiro, pelo dinheiro da minha mãe e do meu pai é o mesmo. É dinheiro de alguém que trabalha. Compro tudo com o meu dinheiro. Sou auto-suficiente desde que tenho a Fashion Clinic", lembraria mais tarde. Um percurso assente no luxo, que acabaria por cimentar, tendo sido para isso importante o apoio e interesse na área que encontraria no seu segundo marido.
Depois do divórcio do pai dos dois filhos mais velhos, Rui Alegre, a empresária iria apaixonar-se por Miguel Guedes de Sousa, que se tornaria CEO da Amorim Luxury e com quem teria mais um filho, que nasceria com recurso a uma barriga de aluguer.
Desde a Fashion Clinic até aqui, o casal investiria muito dinheiro em Portugal. Primeiro, seria responsável por dar um toque de modernidade à Avenida da Liberdade com os espaços da cadeia JNcQUOI e, depois do coração de Lisboa, partiriam para a Comporta. Num negócio significativo, comprariam parte do fundo da Herdade da Comporta, que pertencia a Ricardo Salgado, e tomariam o lugar por excelência da família Espírito Santo naqueles que são chamados os Hamptons portugueses.
O NOVO CAMINHO NA COMPORTA
Aberto o primeiro bar de praia no Alentejo, seria tempo de dar vida aos antigos terrenos de Salgado com um projeto que concilia dois fatores chave: por um lado a beleza da arquitetura e depois o facto de manter a perfeita simbiose com a natureza, num local onde parte da magia reside precisamente no facto de as pessoas poderem ter acesso a um luxo assente no bem-estar e na conexão com valores não materiais.
Recentemente, apresentaram publicamente o mais recente projeto: um conjunto de villas que estarão concluídas dentro de dois anos e que mudarão, necessariamente, as dinâmicas na Comporta. Para este desafio, além da parceria de sucesso assente enquanto casal, Paula chamaria também os dois filhos mais velhos, Rui e Francisca, com quem tem aparecido pontualmente em eventos que estejam relacionados com este novo desafio.
Rui, estudante na área do imobiliário, está ligado ao desenvolvimento deste projeto e já tem acompanhado, inclusivamente, o padrasto, Miguel Guedes de Sousa, em várias viagens de negócios.
Já Francisca, que acabou de se formar na École Hôtelière de Lausanne, vai estagiar para Nova Iorque para depois regressar com novos conhecimentos úteis para este desafio. São os herdeiros do império construído pela mãe que, apesar de não ter concluído os estudos universitários, reconhece, aos dias de hoje, a necessidade de os filhos traçarem um caminho diferente. No entanto, não os quer manter numa espécie de bolha de privilégio e faz questão que, tal como ela, desde tenra idade coloquem as 'mãos na massa' e tenham a perfeita noção da importância do valor do trabalho. Algo que seria confirmado por Francisca numa das poucas entrevistas que deu, à revista 'Hola'.
"A minha mãe é, sem dúvida, a minha maior influência a todos os níveis. É o meu exemplo de liderança feminina. Admiro a sua paixão, intensidade e total empenho em tudo aquilo em que acredita, a sua perseverança, consistência e determinação em cada projeto em que se envolve. Lembro-me de a minha mãe insistir sempre em levar-me com ela nas suas viagens a Paris e Milão para visitar showrooms. Penso que a primeira vez que visitei um showroom foi quando tinha 13 anos, e foi em Milão. Foram momentos únicos entre ela e eu, tanto a nível pessoal como profissional. Foi assim que comecei a ter uma voz ativa nas suas escolhas, o que me fez sentir envolvida nos seus projetos desde muito nova", afirmou a jovem, que estagiou na Farfetch, e desenvolve uma formação internacional, mas tal como a mãe tem bem presente um sentido de portugalidade e quer trabalhar no país em que nasceu.
"Venho de uma família empreendedora e trabalhadora; faz parte do nosso ADN. Nesse sentido, tenho muitas ambições profissionais, e uma delas é, sem dúvida, deixar a minha marca pessoal no Amorim Luxury Group, dando continuidade ao crescimento deste projeto familiar. A marca JNcQUOI tem potencial para se tornar uma marca global, consolidando-se como a primeira marca de luxo portuguesa com reconhecimento internacional. Sinto que estou destinado a desempenhar aqui um papel fundamental, especialmente junto da geração mais jovem — a minha faixa etária — e quero ser uma voz ativa neste processo", disse, mostrando confiança e ambição.