
Em outubro de 2023, e depois de uma batalha longa e penosa, que durou mais de uma década, Manuel Maria Carrilho seria condenado, em definitivo, pelo crime de violência doméstica, cometido contra Bárbara Guimarães. Para a apresentadora, o momento representou uma pequena vitória dentro do pesadelo, enquanto que para o ex-ministro da Cultura, o desfecho do processo o levaria a recuar em definitivo. Depois de anos de exposição mediática, de entrevistas, de acusações, em que a guerra com a ex-mulher foi cultivada e alimentada até à exaustão, de repente, Carrilho desapareceu da cena pública e desde há dois anos foram poucas as vezes que ouvimos falar dele, enquanto a apresentadora da SIC, por outro lado, se tornaria mais aberta para purgar as dores que viveu.
"A justiça fez-se, ao fim de 10 anos. Foi morosa e teve uma repercussão sem precedentes na minha vida", afirmaria Bárbara que, por muito pouco, não desistiu de um processo que estava a acrescentar mais marcas às que já tinha. "Pensei: 'Pois não. E agora o que é que eu faço?' Decidi: 'Vou lutar pela justiça e vou sobreviver'."
"A justiça tem de mudar, tem de ser mais célere. Os processos matam vidas, matam futuros, matam trabalho. É urgente que sejam rápidos", considerou. "Muitas vezes me perguntam se estes 10 anos prejudicaram a minha carreira. Não posso fugir à resposta, nem esconder a realidade: prejudicaram loucamente", reconheceu.
Se Bárbara aproveitou o desfecho no caso de violência para falar mais abertamente sobre o que viveu, numa tentativa de ajudar outras mulheres, Carrilho, 73 anos de idade, tentou uma espécie de marcha-atrás na tentativa de recuperar a reputação que tinha antes das polémicas com Bárbara. Voltou a dar aulas, a frequentar o meio parasiense, e nos últimos dias, esteve na Feira do Livro de Lisboa, ao lado de Mário Crespo, para a apresentar o seu novo livro 'A Nova Peste', em que o ex-ministro da Cultura se debruça sobre as origens do 'wokismo' - movimento de consciencialização de injustiças sociais, de questões de raça, e de género - e sobre a forma com que este se impôs na sociedade, num ensaio filosófico sobre o tema.
Um regresso ao seu antigo habitat que Manuel Maria Carrilho tenta recuperar, o que implica não voltar a abordar a condenação ou as polémicas que durante tanto tempo o ligaram à mãe dos dois filhos. Hoje, com Dinis e Carlota já crescidos e praticamente independentes, não há praticamente nada que ligue o ex-casal, que não troca uma palavra desde o polémico processo de divórcio e todas as mensagens que precise de passar são mediadas pelos advogados, num final tenso de um casamento que não deixa boas memórias ao ex-casal.
10 ANOS DE GUERRA ABERTA
Apesar da acalmia, nada poderá apagar os 10 anos de guerra aberta vividos por Carrilho e Bárbara, em que o ex-ministro não deixou nada por dizer. Em várias entrevistas, sempre negou o crime de violência doméstica, ao mesmo tempo que acusava a ex-companheira de estar a braços com problemas de dependência de álcool
“Não me lembro de ter uma discussão com a Bárbara que não fosse sobre álcool. E sempre fui educado. Nunca quis impor um modelo de vida", chegou a dizer, afirmando que esse seria o motivo para as nódoas negras da apresentadora. "A única coisa em que podia ser imputado era de verdadeira devoção doméstica”, fez saber.
Já Bárbara só quebraria o silêncio sobre o assunto depois de o processo de violência chegar ao fim, tendo afirmado, no livro que entretanto escreveu, não poder imaginar o homem que se 'escondia' por trás do galanteador que conheceu ainda enquanto ministro.
"A relação evoluiu rapidamente e pouco depois de irmos assistir a uma peça no Porto, o Expresso apanhou uma fotografia nossa, os dois juntos no Teatro São João. Após esse episódio, começámos a aparecer em mais ocasiões e a notícia rebenta", recorda. "Na época, eu tinha imenso trabalho, por isso todos os tempos livres eram para aproveitar e para viver este romance que estava a surgir. Foi tudo muito rápido. Aliás, pouco tempo depois de começarmos a relação, fui pedida em casamento e aceitei."
Na altura, Bárbara Guimarães admite não ter tido dúvidas. "Estava apaixonada. Estar com uma pessoa mais velha dava-me uma outra perspetiva sobre a vida. Conheci logo a família dele, que adorei. Ainda hoje me relaciono muito bem com as minhas cunhadas, com os meus sobrinhos e tenho um carinho imenso pelos dois filhos mais velhos dele."
Agora, finalmente a apresentadora conseguiu desprender a sua vida deste passado