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Escreve, lê e recomenda! Conheça Helena Magalhães, a autora que lançou a moda dos clubes de leitura em Portugal

Ler está na moda e ler em conjunto ainda mais. Se nos Estados Unidos, a atriz Reese Witherspoon criou um clube de leitura para partilhar a sua preferência com os fãs, em Portugal Helena Magalhães deu vida ao seu próprio projeto: o Book Gang. Em seis anos, o clube tornou-se num caso de sucesso e hoje a também escritora orgulha-se de dar o seu pequeno contributo para que o mundo dos livros seja cada vez mais atrativo.
Por Rute Lourenço | 31 de julho de 2025 às 14:59
A fundadora do Book Gang, Helena Magalhães Foto: Flash

Se há uns anos, o livro se tinha quase transformado num objeto quase obsoleto, eis que as redes socias lhe deram uma segunda vida. De repente, começou a ser tendência andar com um exemplar debaixo do braço, falar no Tik Tok sobre os últimos romances que se leu, com os jovens - precisamente aqueles que antes eram acusados de não ler - a serem os grandes responsáveis por colocar novamente os livros na moda e fazer brilhar novos autores.

O fenómeno é global e se nos Estados Unidos a atriz Reese Witherspoon decidiu colocar o seu gosto pela leitura ao 'serviço' dos fãs - criou um clube do livro, o Reeses Book Club, que conta com milhões de seguidores - em Portugal, a escritora Helena Magalhães é a responsável pelo clube de maior sucesso, o Book Gang. 

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Helena Magalhães Foto: Flash

Começou no final de 2018, numa altura em que a antiga jornalista procurava um novo caminho profissional, e viria a tomar proporções que, à época, nem a própria poderia imaginar. "O Book Gang surgiu no final de 2018 num momento pessoal de algum descontentamento, na altura era freelancer e escrevia para jornais e revistas e estava a terminar o que viria a ser o meu segundo livro e vivia uma fase em que não sabia muito bem o que iria fazer a seguir. Passava muito tempo nas livrarias e pensava sempre que os livros que apareciam nos destaques não eram os livros que iriam cativar as pessoas, eu gostava de vasculhar as estantes e descobrir livros inesperados e no final desse ano decidi criar um clube do livro no Instagram para sugerir bons livros que na minha visão iriam trazer as pessoas para a leitura e desafiá-las a ler em conjunto comigo."

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Com o passa a palavra, os livros que Helena Magalhães recomendava começaram a ter tanta procura que as próprias editoras a abordaram para a alertarem para o sucesso das suas divulgações. Nasceria, então, a ideia de tornar o Book Gang auto-sustentável com a venda dos livros que a escritora recomendaria a cada mês. "Em Novembro, abri a loja do Book Gang e fiz uma venda especial de uma novidade desse mês. O meu foco era perceber quantas pessoas estariam dispostas a comprar ao Book Gang, pensei que se vinte ou trinta sentissem essa confiança, já era um bom começo, mas cerca de 120 pessoas compraram esse livro para ler em conjunto no Book Gang, pelo que abri oficialmente a empresa enquanto conciliava com os meus trabalhos de freelancer."

Do simples livros, Helena criou uma box de subscrição mensal para fidelizar leitores, ao mesmo tempo em que os brindava com uma verdadeira caixinha de surpresas com goodies e algumas ofertas. As sugestões mensais vão desde publicações que estão entre as principais tendências e autores mais 'fora da caixa' para chegar.

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Sobre aquilo que sugere, desde o início que a sua preferência vai para autoras mulheres, que sempre tiveram mais dificuldade a encontrar voz e espaço num mundo maioritariamente de homens. "O Book Gang desde o início foi centrado em livros escritos por mulheres porque era (e continua a ser) o meu foco, incentivar à leitura de escritoras numa altura em que o mercado em Portugal era massivamente masculino, e deixa-me muito satisfeita que o Book Gang tenha ajudado a desconstruir esta realidade em Portugal ao longo do anos. A minha curadoria é sempre centrada em livros que fomentem mudanças, que criem reflexões, que abordem temas transversais a todas as mulheres, livros feministas, livros que nos façam conhecer outras realidades, livros que acrescentem algo mais à nossa vida. 

OS DESAFIOS DE UMA LEITORA QUE É TAMBÉM ESCRITORA

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Como em tudo o que acontece aos dias de hoje, as tendências são voláteis, mudam demasiado rápido e o mercado dos livros também está sempre em constante revolução. Enquanto autora e curadora literária, Helena Magalhães procura ser representativa dos mais diversos géneros, até porque não considera que haja boa ou má literatura, apenas livros que vão de encontro àquilo que diferentes tipos de leitores querem ler, o que é salutar.

"No início muita gente dizia que eu tinha uma visão utópica, mas na verdade sempre tive uma perspetiva muito favorável e positiva relativamente à leitura e à sua democratização através das redes sociais e das próprias mudanças sociais. E os dados são claros: depois de tantos anos num caminho decrescente, a venda de livros aumentou em Portugal, com a faixa jovem 16-29 anos a liderar. Claro que esta influência também acaba por afunilar muito as escolhas, mas a qualidade literária pouca relevância vai ter nesta fase, além do mais a qualidade é subjetiva porque não há uma métrica para se definir a qualidade de um livro em comparação com outro, pode estar mais ou menos bem escrito, o autor ter melhor ou pior desenvoltura linguística, abordar temas mais ou menos interessantes, ter uma história mais ou menos relevante, mas vai tudo depender de quem os lê."

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Autora de quatro livros - o último 'A Devastação', lançado há cerca de um ano - Helena Magalhães vive hoje o sonho de poder trabalhar na esfera mágica com que cresceu, ao mesmo tempo que espera poder dar o seu contributo para pequenas mudanças de mentalidade e na cultura portuguesa. 

"Todas as estratégias que levem cultura às pessoas vão fomentar mudanças inimagináveis. Eu acredito nos livros enquanto fomentadores de mudanças na sociedade e acredito nas histórias e nos autores contemporâneos que falam para os leitores de hoje. Esse é também o ADN do Book Gang."

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