A mágoa de Juan Carlos no exílio e a tristeza em relação ao filho: "Há membros da família para quem já não importo"
Rei emérito promete revolução na Coroa com revelações do livro 'Reconciliação', que será lançado no dia 5 de novembro.Juan Carlos lança, no próximo dia 5 de novembro, o seu livro de memórias, 'Reconciliação', mas o título não deixa de ser um contrasenso, uma vez que este promete agitar muito mais a Coroa do que unir. No entanto, é uma obra em que o rei emérito promete não deixar nada por dizer e falar pela primeira vez abertamente sobre o seu abandono da Coroa, no meio de um escândalo por corrupção, que o levou ao exílio, nos Emirados Árabes Unidos.
Uma mágoa que não consegue calar, pelo facto de se ter sentido forçado a deixar tudo o que mais ama, aos 87 anos, e numa altura em que sente que o fim de vida está próximo.
“Ainda hoje tenho de me conformar aos desejos da Casa Real e do Governo. Afinal, a minha vida foi ditada pelas exigências de Espanha e do trono. Dei liberdade aos espanhóis ao instaurar a democracia, mas nunca pude desfrutar dessa liberdade para mim", afirma, na entrevista que deu ao Le Figaro e em que não poupa ninguém, nem mesmo o filho, Felipe VI.
“Agora que o meu filho me virou as costas por dever, agora que os meus supostos amigos desapareceram, percebo que nunca fui livre. Ser forçado ao desenraizamento e ao isolamento no fim da vida não é fácil”, confessa o antigo monarca, que não esconde a tristeza por viver afastado dos seus e por muitos membros da família terem cortado relações. “Estou resignado, magoado por um sentimento de abandono. Não consigo conter a emoção quando penso em certos membros da minha família para os quais já não tenho importância, e sobretudo em Espanha, de que sinto tanta falta. Há dias de desespero, de vazio.”
O livro está a ser encarado com algum ceticismo por parte da família real espanhola, que passou por momentos delicados devido aos escândalos de corrupção e de infidelidade de Juan Carlos, que abalaram a harmonia na Coroa. Depois de a paz ter sido restabelecida, há agora a sensação de um novo terramoto a caminho para o momento em que a obra for tornada pública. O livro estará à venda em França e Espanha, mas há diversas traduções a serem preparadas.