Apontado na praça pública por ter ficado calado na polémica entre Joana Marques e os Anjos, Herman José quebra o silêncio e esclarece o que o fez ficar à margem da discussão
Como fica Herman no julgamento popular, ao ter decido abster-se de participar neste debate que provocou tantas opiniões e discussões apaixonadas? O humorista esclarece.Herman José leva já 70 anos de vida e 50 de carreira. Cinco décadas ligadas ao humor, em que foi sempre um protagonista inquieto. Os grande programas de comédia em Portugal têm a assinatura de Herman José. Reinventou-se uma e outra vez, sem nunca se permitir acomodar. O mítico 'Tal Canal' celebra 40 anos. Por cá, o humor não mais seria o mesmo desde então.
Para além de figura incontornável da nossa cultura, Herman tornou-se numa referência para as gerações que foram chegando a seguir. Um mentor em vários casos. E é com o peso deste estatuto que Herman José acabou apontado por não ter tomado partido no duelo mediático que se desenrolou na Justiça e que opôs Joana Marques aos manos Rosado, Nelson e Sérgio, que formam a dupla musical Anjos.
Onde ficam, afinal, os limites do humor? O julgamento em tribunal acabou por ilibar a humorista de pagar mais de um milhão de euros à dupla. E como fica Herman no julgamento popular, ao ter decido abster-se de participar neste debate que provocou tantas opiniões e discussões apaixonadas, algumas a roçar a agressividade?
No podcast 'Humor à Primeira Vista', com Gustavo Carvalho, Herman José quebra finalmente o silêncio, não para tomar partidos, mas para esclarecer as razões que o levaram a pôr-se à margem desta discussão em que, na verdade, é parte interessada como um dos grandes humoristas do País.
“Quando eu disse que eles foram mal-aconselhados, ninguém lhes disse. Eu adoro os Anjos, são dois trabalhadores incansáveis e duas pessoas estimáveis que se meteram numa coisa complicadíssima e supercansativa. Se eu tivesse conseguido falar com eles antes, diria não façam isso”, começou por sublinhar Herman José.
A relação do humorista com os irmãos Rosado acabou por ser o principal óbice à participação deste debate. “Se eu não conhecesse os Anjos, se estivesse bacteriologicamente puro, tinha pegado no caso e militado nele. Era uma bela oportunidade, como a Joana fez, e muito bem, de esclarecer a opinião pública sobre como funcionam estas coisas do humor. Mas qualquer opinião que eu desse ia feri-los tanto que preferi pôr a cabeça no cepo. Houve cronistas que não me desculparam. O Henrique Raposo ficou ofendidíssimo. Eu tinha obrigação e, talvez, dever, não fosse a ligação emocional àqueles dois manos”, assumiu.
“Acho que há momentos em que a militância, a amizade e o caráter se devem sobrepor ao nosso orgulho em ter prestígio, opinião e notoriedade. E o contrário também acontece. Não é por alguém morrer que passa automaticamente a ser uma boa pessoa ou a deixar de ser responsável por coisas que nós achávamos que estavam erradas. Não vale a pena ser desonesto”, defendeu
“Pedir escusa não é ser desonesto. Eu não escrevi nenhuma tese a defender os Anjos. Eu pedi escusa da polémica. E, em alguns casos, deve mesmo fazer-se isso, como fazem alguns juízes. Não posso pegar nesse assunto quando a rapariga envolvida é minha sobrinha”, considerou Herman, antes de ressalvar o valor da amizade: “Há alturas em que vale mais preservar a amizade do que alimentar o nosso ego. E aprendi isso à minha custa.”