Estádio da final do Qatar guarda histórias secretas que envolvem pai de Cristiano Ronaldo
O craque nem imagina mas, além do futebol, Ronaldo tem uma ligação pessoal com o estádio Lusail, onde vai jogar na próxima segunda-feira.
Quando Cristiano Ronaldo jogar no Estádio Lusail na próxima segunda-feira, dia 28 de novembro, vai ter dois momentos especiais naquela arena. É que o estádio teve como um dos seus principais arquitetos o madeirense Décio Ferreira, que jogou nos mesmos clubes que o craque português, quando era criança, e conviveu de perto com José Diniz Aveiro, o pai de CR7.
Décio, de 47, trabalha para a empresa de Londres Foster + Partners, que assinou o projeto do estádio escolhido para ser palco da final do Mundial 2022 e não esconde o orgulho por ter duas das suas paixões a cruzarem-se, o futebol e a arquitetura.
"Fiquei muito satisfeito por ter participado numa construção daquela envergadura, um projeto enorme e extremamente complexo. Foi ótimo para mim, tanto no plano pessoal como no profissional", declarou em entrevista ao 'Jornal de Notícias'.
No Lusail, Décio liderou "as equipas internas e externas". "Acabei por ter sempre uma visão geral do projeto. Como português, senti-me muito orgulhoso por ter feito parte da construção".
O estádio foi pensado para receber 80 mil pessoas e está numa cidade que continua a ser construída, a Lusail, um processo de modernização que deve durar até 2030. E antes que o leitor se questione, Lusail não está relacionado com "luso", trata-se do nome de uma planta (al wassail) que cresce na região e deu nome à cidade em Doha.
Antes de estudar arquitetura em Coimbra, Décio estudava e jogava futebol na Madeira, no Nacional e no Andorinha, precisamente onde Ronaldo mostrou pela primeira vez o talento para os relvados.
"Não me lembro dele [Cristiano Ronaldo], temos dez anos de diferença, mas recordo-me perfeitamente de ver o sei pai quase sempre no Andorinha", lembrou o arquiteto.
"Estava lá todos os dias e, apesar de ter sido há muito tempo, lembro-me de talvez ter falado algumas vezes com ele. Eu era apenas um miúdo. Só anos depois, em conversa com a minha família, percebemos que aquele senhor era o pai de Ronaldo, José Diniz", disse.
Os sacrifícios na construção do Mundial 2022
Não foram só alegrias que marcaram a construção dos estádios para o Mundial no Qatar. Organizações pelos direitos humanos e a imprensa internacional estão a tentar chegar a um número de vítimas na construção das infraestruturas para o campeonato.
No ano passado, o 'The Guardian' noticiou que cerca de 6700 migrantes terão morrido nos 10 anos de preparação para o campeonato.
A conclusão parte dos dados dos governos da Índia, do Bangladesh, Nepal e Sri Lanka, que dizem que 5927 trabalhadores migrantes morreram entre 2011 e 2020. A embaixada do Paquistão no Qatar apontou para mais de 824 paquistaneses mortos entre 2010 e 2020. O jornal britânico sublinha que o número total de mortos pode ser significativamente maior.
O governo catari, pelo contrário, explica as mortes do migrantes com acidentes rodoviários, acidentes no local de trabalho e suicídio, sendo "causas naturais" a explicação mais comum.
Segundo 'Architects Journal', não se sabe se houve mortes no estádio em que o arquiteto português esteve ligado, o Lusail.
Questionada sobre os direitos dos trabalhadores, a empresa Fosters + Partners justificou que esteve "envolvida apenas na fase inicial de desenvolvimento do conceito de design, portanto, qualquer dúvida sobre o bem-estar dos trabalhadores envolvidos no processo de construção do local seria melhor abordada pelo Comité Supremo de Entrega e Legado, que administrou o programa de bem-estar dos trabalhadores em todos os projetos da Campeonato do Mundo da FIFA no Qatar".