
Muitas vezes os jornalistas queixam-se daquilo que o Presidente Marcelo batizou de "bolha mediática". Trata-se de um conjunto limitado de público e de opinion-makers que passa a vida a tratar de temas que nem sempre interessam nem mobilizam a generalidade dos portugueses. Fechados numa bolha mediática, lá está. A expressão é usada, ora em tom elogioso para valorizar as supostas elites, ora em tom pejorativo, para desvalorizar os temas que interessam verdadeiramente à população, e com isso menosprezar o povo. Ora, essa lógica de enclausuramento num "pequeno grupo" de decisores é a única forma racional de explicar aquelas ocasiões em que parte dos canais de informação embarca em autênticos delírios de hiperventilação em redor de determinadas notícias. A quantidade de enviados-especiais, horas de emissões em direto, comentadores envolvidos e especiais de informação em redor da morte da rainha de Inglaterra é um desses momentos de delírio, em que parte dos canais de informação embarcou em opções editoriais incompreensíveis. Um autêntico efeito-manada que leva a que todos se imitem uns aos outros, sem jamais pararem para pensar ou sopesar o verdadeiro interesse editorial, o interesse público ou o interesse do público. Em vez disso, embarcam num comboio desgovernado de horas sem fim de emissão sem qualquer interesse. Claro – fazer igual ao vizinho do lado é a forma mais fácil e mais cómoda de decidir. Pensar pela própria cabeça e de acordo com o seu estatuto editorial dá trabalho, e é um risco. Mas desta forma o jornalismo anula-se, e transforma-se num mero repositório de lugares-comuns e das grandes tendências das redes sociais. Confesso – nos últimos dias fiquei envergonhado, como espectador, com o tratamento dado pela televisão portuguesa às cerimónias fúnebres da rainha Isabel II.
A expressão é usada, ora em tom elogioso para valorizar as supostas elites, ora em tom pejorativo, para desvalorizar os temas que interessam verdadeiramente à população, e com isso menosprezar o povo. Ora, essa lógica de enclausuramento num "pequeno grupo" de decisores é a única forma racional de explicar aquelas ocasiões em que parte dos canais de informação embarca em autênticos delírios de hiperventilação em redor de determinadas notícias.
A quantidade de enviados-especiais, horas de emissões em direto, comentadores envolvidos e especiais de informação em redor da morte da rainha de Inglaterra é um desses momentos de delírio, em que parte dos canais de informação embarcou em opções editoriais incompreensíveis. Um autêntico efeito-manada que leva a que todos se imitem uns aos outros, sem jamais pararem para pensar ou sopesar o verdadeiro interesse editorial, o interesse público ou o interesse do público. Em vez disso, embarcam num comboio desgovernado de horas sem fim de emissão sem qualquer interesse.
INFORMAÇÃO - REGRESSO DA POLÍTICA
A política voltou em força às preocupações dos portugueses, e por isso mesmo à televisão. Seja por força da crise económica, seja por força da guerra, seja pela verificação de que a oposição ao Governo passou a comportar-se de forma mais aguerrida, nota-se o crescimento da atenção aos temas políticos. A entrevista a António Costa, anunciada para o dia em que escrevo, suscita uma curiosidade acrescida por causa da polémica em redor do corte no aumento das pensões. E merecerá análise na próxima semana.
PROGRAMAÇÃO - 6,7%
Mais um recorde negativo do canal 1. Exatamente 6,7 de share médio no domingo passado, apenas 1,8 pontos percentuais de avanço sobre o líder do cabo, algo verdadeiramente bizarro para o mercado de televisão, e que há seis meses se diria impossível de acontecer. Aumenta a probabilidade de se concretizar em setembro aquilo que aqui predissemos no início do verão. O canal 1 da RTP arrisca uma média mensal reduzida a um dígito, pela primeira vez na sua história. No momento em que escrevo, leva um share médio mensal de pouco mais de 9%.
SOBE - FERNANDO ROCHA
Em conversa com Daniel Oliveira, diz ter recusado uma proposta de um milhão de euros para se mudar para a TVI. Declaração que não teve qualquer desmentido. A proposta, mesmo recusada, simboliza a entrada do mercado televisivo português numa nova era de 'star-system'.
SOBE - MARQUES MENDES
Na semana passada falei de Ricardo Araújo Pereira como fator de sucesso dos domingos da SIC. Faltou a obrigatória referência a Marques Mendes. Não só ganha sempre, como tem agora no currículo ter afastado Paulo Portas da concorrência direta – pelo menos na simbólica semana de estreia do 'Big Brother'.
DESCE - PAULO PORTAS
Veremos se o afastamento do comentador de domingo da TVI é transitório ou definitivo. De qualquer forma, acabar com a rubrica sem tentar corrigi-la e melhorá-la seria uma enorme perda e uma confissão de impotência por parte da TVI. Terá efeitos complexos para a imagem de Portas. Não se pode acabar com Portas ao domingo e não ganhar esse jornal.