
Ninguém imaginava, há menos de 6 meses, que o duelo mais relevante na televisão portuguesa, em agosto, seria o confronto entre a RTP1 e a TVI pelo segundo lugar. Mas ele aí está. À data em que escrevo, os canais 1 e 4 estão empatados na média mensal de share, com uma diferença de pouco mais de mil espectadores a separá-los, por enquanto a favor da TVI. Faltam 12 dias para acabar este estranho mês de agosto, de recordes no cabo, de estreias de grandes formatos habitualmente reservadas para setembro, de bizarras repetições em horário nobre, de canais de informação em processo acelerado de descaracterização.
De tudo isto há relato nesta página, mas, para que fique claro, nenhum desses temas tem a relevância histórica do eventual e espantoso regresso da TVI ao último lugar entre os canais generalistas. A televisão do Estado bate-se bem em vários horários, ganha muitas vezes as manhãs e as tardes, a informação costuma ficar à frente de uma desorientada TVI, as 7 da tarde ganham a todos, com o fenómeno Fernando Mendes. Nos eventos desportivos, a RTP1 também ganha, com a Volta a Portugal e a Supertaça. Enquanto não chegam os jogos do Benfica na Liga dos Campeões, o mais certo é a TVI fazer recurso a todas as armas que estiverem à sua disposição, tal como o sorteio da Champions, no ano passado erradamente restringido ao cabo.
Nos próximos 12 dias, minuto a minuto, segundo a segundo, o duelo vai apertar. Se a TVI voltar a ter um sábado como o último, onde obteve 10%, dificilmente resistirá. A ser assim, o tempo volta para trás, para o início do século, antes do Big Brother e das novelas, quando a TVI seguia atrás de toda a gente. Outrora agora?
Mês de ouro para o caboNa semana passada, mais de metade dos portugueses que vêem TV passaram o seu tempo no cabo, ou noutras plataformas. Os canais generalistas clássicos, ditos FTA (free to air, ou seja, de emissão livre) são um valor em perda. Não é apenas a queda da TVI: é um novo mundo a chegar ao consumo de televisão em Portugal.
Paredes de CouraEis um exemplo da perda de valor a que a atual gestão operacional está a sujeitar a TVI: em plena guerra dos camionistas, com a atenção dos espectadores no máximo para todos os temas da informação, a TVI24 dedicou horas e horas de emissão a diretos de concertos de Paredes de Coura, abdicando de cumprir o seu papel. Agosto é mês horrível para o canal.
RaminhosEstreia de Esta Mensagem é Para Ti a merecer análise mais detalhada, nas próximas semanas. Para já, impõe-se o registo de que o programa de Raminhos, na SIC, fez um resultado positivo. Em conjunto com os apanhados de Não Há Crise, chegou para controlar a noite de domingo. É certo que a SIC teve a sorte de encontrar, na TVI, uma série antiga, chamada 37, colocada, de forma bizarra, no horário nobre, mas as coisas são o que são. Se a TVI tem necessidade de escoar produto em stock, para equilibrar o orçamento de grelha, nada a fazer. É a vida!
A SIC está na dúvidaNão tem o glamour das redes sociais, não aparece nos eventos de moda, não partilha fotografias das férias, não frequenta passadeiras vermelhas nem faz capas de revistas cor-de-rosa. Mas, na verdade, ele é verdadeiramente o senhor televisão, e volta a ser notícia, porque está a colocar Cristina Ferreira em grandes dificuldades, às 7 da tarde, e os responsáveis do canal na dúvida sobre o que fazer com o formato.