
O futebol é um produto caro para a televisão e cada vez haverá menos transmissões de grandes jogos em sinal aberto. Para um canal que vive unicamente da publicidade, rentabilizar o dinheiro gasto com o futebol é muito difícil, porque as partidas só têm um intervalo, e ele acontece sempre a uma hora previsível, ou seja, ao fim de sensivelmente 45 minutos de espetáculo.
Essa previsibilidade facilita a contra programação feita por outros canais, método através do qual os concorrentes procuram maximizar o zapping dos espectadores que estão a acompanhar a partida, combatendo assim a audiência obtida pela publicidade, e, consequentemente, a receita do canal detentor da transmissão. Será raro, ou mesmo inexistente, o jogo de futebol que dá lucro a uma televisão de sinal aberto – o mesmo se aplica à Seleção, às taças e supertaças, à Liga Europa e à Liga dos Campeões. Este é o verdadeiro motivo pelo qual os jogos de futebol estarão cada vez mais acantonados em canais pagos – seja a Sport TV, a BTV ou a Eleven. Estações que vendem aos espectadores as transmissões em direto, em troca de uma assinatura mensal, receita com a qual procuram rentabilizar o investimento.
Se o futebol é deficitário para as televisões em sinal aberto, a verdade é que, como é cada vez mais raro, tende a juntar multidões – e, por isso, as maiores audiências do ano são sempre os jogos de futebol. Trata-se de um dos maiores erros de perceção do universo televisivo, e que costuma ser rentabilizado, unicamente, em marketing dos canais, que rodeiam o jogo em si de diversas iniciativas em direto, antes e depois do futebol. Isso aconteceu, de novo, com a Supertaça de domingo passado, entre Benfica e Sporting. Teve uma audiência média extraordinária, levou a RTP1 a um resultado histórico no dia, que lhe abre, inclusivamente, algumas perspetivas de poder ganhar à TVI na média mensal de agosto. Se isso acontecer, ficará a dever-se, em parte, ao dérbi desta semana, que mobilizou em frente ao canal 1 um total a rondar os 4 milhões de portugueses. É obra.
Erro grave da sic?
Estreia assim-assim (22%) do novo formato das 7 da tarde, na SIC. Quem esperava uma vitória retumbante ou um arranque arrasador perdeu a aposta. O modelo deixa a desejar e Fernando Mendes tem enorme resiliência. Colocar Cristina Ferreira em vários horários pode ser o primeiro erro grave da nova SIC.
Ciclismo em crise
A Volta a Portugal já foi uma festa popular. Hoje em dia vive da transmissão televisiva e pouco mais. O divórcio do povo com o ciclismo nasceu com o doping e agravou-se com a falta de heróis. Não obstante, continua a ser um espetáculo televisivo que capta e retém algumas horas os espectadores tradicionais. A tarde da RTP1 beneficia, e muito.
Malkovich é poirot
A série 'The ABC Murders' é uma produção da BBC, baseada na obra de Agatha Christie. A estreia foi a 26 de dezembro do ano passado e foi emitida em três noites consecutivas. Chegou agora à Fox Crime, em Portugal, e é um acontecimento, não só pela qualidade da produção, mas sobretudo pela interpretação de John Malkovich no papel do detetive Hercule Poirot. Trata-se de um trabalho que vai ficar na memória da carreira do ator, -pela reinvenção das principais características da personagem imortal. A ver, enquanto a gravação ainda está nas boxes.
TVI a descer de divisão
Diz o senso comum que tudo o que desce acaba por subir. Tem sido assim na televisão em Portugal: ao canal 1 sucedeu a SIC na liderança, depois a TVI dominou durante anos e agora volta a SIC_a ganhar primazia. Diz o senso comum, mas nada é garantido. A queda da TVI em todos os horários indica que é urgente inverter o rumo, sob pena de o canal sair definitivamente do radar da maioria dos espectadores. SOS_TVI?