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Carlos Rodrigues
Carlos Rodrigues A Grelha da Semana

Notícia

O capacete azul da RTP

Diretor de programas há um ano, pôs ordem na grelha, acabou com as séries insensatas e resgatou o estatuto ético da empresa. É muito pouco, mas já é alguma coisa. Avaliação do primeiro capítulo do mandato de José Fragoso.
13 de julho de 2019 às 18:41
José Fragoso, RTP, diretor de programas
José Fragoso, RTP, diretor de programas Foto: Cofina Media

A primeira missão de paz que teve na televisão portuguesa foi acabar com os "donos da bola". Na década de 90, a SIC de Rangel surpreendeu o País com uma inédita manifestação de clubite exacerbada, à mistura com jornalismo agressivo a testar os limites dos factos.

'Os Donos da Bola' surpreenderam os espectadores que, naquele tempo, não possuíam ainda as ferramentas de descodificação que vieram a adquirir com a experiência. As audiências avassaladoras do programa de sexta à noite, na SIC, acabaram por moldar negativamente a imagem do canal.

Quando a empresa concluiu que perdia mais do que ganhava, Fragoso recebeu a incumbência de trocar os donos da bola pelo novo formato, e chamou-lhe 'Jogo Limpo'. A pacificação foi feita, mas as audiências fugiram, pelo que rapidamente a experiência chegou ao fim. Mas tinha nascido um capacete azul da televisão portuguesa.

Foi nessa qualidade que tomou conta de vários canais em períodos conturbados, como a SIC Notícias, após a guerra fratricida que corroeu o canal, a TVI, numa das fases traumáticas pós-Moniz, e agora a RTP.

Num ano, Fragoso pôs ordem na empresa: arrumou a grelha, acabou com o delírio das séries insensatas, recuperou o estatuto ético da empresa, que se tinha desgastado na gestão anterior. Tem, agora, a sorte de apanhar pela frente uma TVI moribunda, que lhe permite sonhar com o segundo lugar nas audiências. Fragoso salvou a administração de Gonçalo Reis, que talvez não merecesse ser salva, e é hoje uma espécie de presidente em exercício da empresa. Que bem necessitada estava de uma pacificação assim!

CRISTINA TAMBÉM FALHA

Quando Cristina Ferreira foi ter com Daniel Oliveira e aceitou transferir-se para a SIC, um dos detonadores do divórcio com a TVI foi a dificuldade gerada pelos negócios em nome próprio. Na SIC, o problema mantém-se, como se vê pelo desgaste causado pela entrevista a

Maria das Dores, na sua revista. Cuidado!

A FORÇA DA BOLA

As grandes multidões são as do futebol. Dos 20 programas mais vistos do ano, 19 são transmissões em direto, mais as respetivas festas associadas. Seleção Nacional, Benfica, FC Porto e Sporting são as quatro grandes marcas que monopolizam o consumo televisivo. A Champions garante à TVI um conjunto de bons resultados nos próximos meses.

OS ERROS DA RTP COM O DESPORTO

À boleia da aquisição de direitos de grandes competições, a RTP vê-se a braços com uma série de transmissões que gasta sem critério, ora na internet, ora onde calha. Domingo passado, a final do Mundial de futebol feminino, entre os EUA e a Holanda, foi remetida para a RTP2, que, assim, ficou à frente do canal 1 durante grande parte da tarde. Curiosamente, a RTP1 teve um dos piores resultados do ano, com 9% de share diário. O excesso de orçamentos junta-se, na RTP, à total falta de critério.

AUDIÊNCIAS DE JULHO

É certo que a televisão generalista está em queda, mas há fenómenos cuja explicação transcende, em muito, as condições de mercado. Comparemos os resultados homólogos da TVI: em julho do ano passado, o canal 4 tinha uma média de 365 mil espectadores. Este ano, tem pouco mais de 275 mil. Eis a real dimensão da sangria que afeta Queluz de Baixo, e que justifica a provável mudança na gestão do canal.

É certo que a televisão generalista está em queda, mas há fenómenos cuja explicação transcende, em muito, as condições de mercado. Comparemos os resultados homólogos da TVI: em julho do ano passado, o canal 4 tinha uma média de 365 mil espectadores. Este ano, tem pouco mais de 275 mil. Eis a real dimensão da sangria que afeta Queluz de Baixo, e que justifica a provável mudança na gestão do canal.

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