
É preciso dizê-lo com clareza. O que distingue a democracia da ditadura, mais ou menos musculada, é um conjunto de valores como a liberdade, a livre iniciativa, a imprensa independente e a recusa total e sistemática de qualquer censura. Todas as vozes e argumentos devem ser ouvidos. Só a livre discussão e a troca de ideias pode derrotar os argumentos que se opõem aos valores democráticos. No início da guerra, Putin proibiu a utilização de expressões como "invasão". Até por cá alguns responsáveis políticos mais alinhados com a Rússia evitaram inicialmente a utilização dessa palavra. Seguiram-se várias ações de censura. Ainda esta semana, o A Europa decidiu proibir canais russos, e as operadoras de cabo nacionais cumpriram escrupulosamente a instrução, e descontinuaram canais como a RT. Esse ato de apagamento de canais aproxima-nos demasiadamente de Putin. E na verdade há um abismo entre nós, europeus, e o autocrata de Moscovo.
PROGRAMAÇÃO - A FORÇA DO CABO
O fatorizar e todo o resto da atualidade juntam um auditório enorme nos canais de informação nacional. A soma dos quatro juntos ficou nesta última semana muitas vezes acima dos principais canais FTA, SIC e TVI. Fruto de um panorama audiovisual muito particular, em Portugal, onde a percentagem de lares com cabo é tremenda, os canais temáticos têm uma força extraordinária, que só não é maior porque o painel que mede as audiências não representa a percentagem de cabo no País. Imposição das generalistas. Se não fosse isso, um canal de cabo poderia liderar o consumo no futuro.
INFORMAÇÃO - MONOTEMÁTICA
O telejornalismo português tem este defeito capital. Quando intui que determinada notícia gera um interesse acima da média, rapidamente cai em noticiários monotemáticos, afunilando a atenção social num só facto. Temos exemplos recentes, como foi o caso dos incêndios de verão, a pandemia, e agora a guerra na Ucrânia. Nada a opor ao tratamento exaustivo das notícias principais. Mas fazer edições unicamente preenchidas por uma só notícia é contraproducente, sobretudo quando sabemos como a televisão é, em grande medida, o único veículo de informação para parte da população, além da existência de fortíssimos canais de informação, no cabo.
SOBE - SÍLVIA ALBERTO
'Got Talent' regista boas performances no serão de domingo da RTP1, até pela fraqueza do chef Ljubomir, na SIC. Sílvia Alberto é uma boa alternativa a Catarina Furtado, caso o canal público venha a perder a sua principal estrela.
DESCE - BRUNO NOGUEIRA
O novo formato, 'Tabu', é, como seria previsível, um problema que a SIC deixa instalar em horário nobre, ao sábado. Se os sábados puserem em causa a vitória da SIC no mês, o programa começará inevitavelmente a resvalar para depois da meia-noite. Aí, pode funcionar.
DESCE - CRISTINA FERREIRA
Fruto de um casting mais fraco, a segunda edição do 'Big Brother Famosos' está longe de dar o empurrão à TVI que a edição anterior proporcionou. Está difícil a recuperação do canal 4, sempre a faltar qualquer coisa para conseguir enfrentar a SIC.