
Ainda não há consenso entre os historiadores dos media sobre quem tem o verdadeiro mérito pela escolha do 'Big Brother' para a TVI. Terá sido decisão de José Eduardo Moniz, ou imposição do presidente da empresa, Miguel Paes do Amaral? Ao jeito dos grandes enigmas da humanidade, provavelmente só os dois homens saberão a verdade toda, e a nós, comuns mortais, resta-nos ficar conformados com o eterno cruzamento entre as duas versões.
Intuição de Moniz, ou teimosia genial de Paes do Amaral, a verdade é que forçou o fim da era de Rangel na SIC, e lançou quase duas décadas de liderança da TVI. Dezoito anos depois, Moniz estreou 'Deus e o Diabo' no 'Jornal das 8'. Todos os que têm menos de 40 anos não se recordarão do 'Jornal de Sábado' que fez a fama de Moniz na RTP. Era um magazine de informação. Na altura era um achado, mas, para os padrões de hoje, seria uma banalidade.
É a essa herança que se procura fazer jus. 'Deus e o Diabo' junta entrevista, comentário, perguntas colocadas por espectadores via skype, e o que mais se vai ver. Uma autêntica caldeirada de informação, num estilo peripatético, ou seja, Moniz deambula pelo estúdio enquanto navega entre estilos, géneros e conteúdos.
A estreia liderou, pouco acima dos 23%, com um milhão de espectadores. Mas há muito a corrigir, algo natural para uma primeira emissão. A começar pela interactividade. Quando alguém entra por skype e ninguém em casa percebe o que foi dito, a não ser o pivô, algo se quebra na verosimilhança da emissão. Uma boa ideia não pode morrer assim. É preciso intervir urgentemente.
50 HORAS NA TVI
Quando uma estação improvisa num horário-chave, isso é, no mínimo, algum amadorismo. Quando essa estação era conhecida por trabalhar todos os assuntos de forma profissional, isso significa que algo se perdeu no caminho. Domingo à noite, sem o chef Ljubomir, a TVI improvisou, e foi humilhada pela SIC.
JOSÉ SÓCRATES
Um antigo primeiro-ministro acusado de corrupção vive numa casa oferecida por um primo, também ele suspeito de ser um dos testas-de-ferro do ex-governante. À SIC, Sócrates ataca o jornalismo que revela as verdades, alegando tratar-se de um "acto banal" da sua vida privada. Seria útil se Sócrates pudesse explicar porque considera que se trata da sua vida privada.
OS PERIGOS DOS APOIOS
O Presidente Marcelo lançou um debate útil, mas de alguma forma perigoso. O apoio do Estado ao jornalismo é o sonho húmido de políticos autoritários, corruptos ou opositores da liberdade. Cabe à democracia criar condições para que o jornalismo seja exercido livremente, e cabe à sociedade seleccionar o jornalismo que consome e que, por essa razão, é rentável. Todas as intervenções estatais para lá destas duas fronteiras comprometem essa liberdade e reduzem a qualidade da democracia. O único patrão do jornalismo é, sempre, o cidadão.