
Vou directo ao assunto: introduzir o vídeo-árbitro é uma má decisão, que, a prazo, irá baixar drasticamente o valor televisivo do futebol. É, aliás, bizarro que ainda não haja nenhuma posição pública da parte das estações que detêm os direitos das competições afectadas, no caso português a Sport TV.
É natural que o ambiente criado em redor da modalidade tenha empurrado a Federação para este caminho. No fundo, havendo uma via para reduzir a tensão, ela tem que ser testada. Mas, na verdade, o futebol é a primeira área relevante na Europa que cede perante a pressão dos populistas e dos demagogos, que teimam em incendiar a indústria em que se movimentam ao atribuir a falhas da arbitragem os seus próprios erros e fracassos.
Ainda por cima, tudo isto se baseia num equívoco: um demagogo será sempre um demagogo, que encontrará com facilidade o novo terreno no qual continuará a dar asas à sua demagogia. Para o demagogo, a culpa continuará a ser dos árbitros, apesar da suposta nova objectividade do vídeo.
Tudo isto ainda seria defensável se o sistema pudesse baixar, de facto, o número de decisões erradas, Ora, receio que isso não vá acontecer. Toda a decisão é subjectiva. Em breve haverá quem queira fiscalizar, e depois contestar, o próprio vídeo-árbitro.
Em resumo: prepare-se o espectador para interrupções absurdas nos directos televisivos, para a multiplicação dos momentos mortos, para o ataque ao génio através da arma do tédio, para o rumo dos acontecimentos alterado sem se perceber o sentido. Tudo isto sem qualquer ganho de causa, que pudesse equilibrar.