
O Verão está a ser atípico, com chuva e temperaturas abaixo da média. Isso tem evitado colocar à prova o dispositivo de combate às chamas, reformulado na sequência da tragédia de Pedrógão.
Mas, na semana em que a Entidade Reguladora para a Comunicação social (ERC) publicou um "guia de boas práticas para a cobertura" dos incêndios, dois acontecimentos vieram recordar-nos que a ajuda da meteorologia há-de acabar.
Numa autoestrada portuguesa, centenas de automobilistas entraram em pânico e entupiram a via para fugirem ao fogo. Segunda-feira, dezenas de pessoas morreram na Grécia, em incêndios que fizeram lembrar os de há um ano, em Portugal.
A tentação do poder para silenciar os fogos nas tv`s é antiga. O documento da ERC insere-se nessa tradição, mas revela algum cuidado para não beliscar a liberdade de imprensa. Isso é uma novidade positiva no comportamente do regulador dos media.
Mas o texto é omisso no essencial: como prova o pânico dos automobilistas na A13, que se encontravam isolados do mundo, só com mais informação, informação útil, prática e de serviço público, mesmo repetida à exaustão, a população poderá prevenir-se, e preparar-se para enfrentar uma calamidade como esta.
Os organismos do Estado e da Protecção Civil deviam ser obrigados a dizer tudo, a toda a hora, e a arranjarem forma de se fazerem ouvir numa situação extrema como a do combate a um fogo florestal. Eis um contributo para o próximo documento da ERC, que se promete mais detalhado. Vamos debater este tema a sério, desta vez?
RTP-1 EM DIFICULDADES
Já no final do ano passado aqui tínhamos antecipado o risco que a RTP-1 corria em 2018. Pelos vistos, nada foi feito para o prevenir: depois do Mundial, o canal 1 cai para valores pré-futebol e pré-Eurovisão, e não se vislumbra, ainda, qual o plano de José Fragoso. Curiosamente, a SIC está no pior nível de sempre. A TVI domina.
TVI NAS CHAMPIONS
A Liga dos Campeões é um produto de alto risco para os canais generalistas, porque está dependente do sucesso das equipas portuguesas. A saída de Ronaldo do Real Madrid para a Juventus aumenta ainda mais esse risco. A confirmar-se o negócio com a TVI, trata-se de uma aposta talvez demasiado ousada, porque o canal não precisava desta despesa para liderar.
FICÇÃO ESTAGNADA
Basta analisar o estado da ficção para podermos verificar que os canais generalistas estagnaram. As novelas estão todas iguais, e diferem apenas no nível de investimento. Curiosamente, a ficção é a área da SIC que mais concorrência faz à TVI, a área em que os dois canais mais se aproximam, numa guerra que depois se desequilibra no entretenimento, e ainda mais na informação. Isto levanta duas perplexidades: porque está Gabriela Sobral a rescindir com a SIC? E, sobretudo, porque não dá a SIC mais luta à TVI?
SIC EM MUDANÇAS
A confirmarem-se, as anunciadas mudanças na grelha da SIC devolvem alguma racionalidade à empresa, mas ficam sempre a meio caminho. Tirar Júlia das manhãs e mudá-la para a tarde resolve apenas metade do problema. O fim do Dr. Saúde faz sentido, mas também o programa de Hernâni Carvalho não ultrapassou os erros iniciais. De qualquer forma, regressa algum critério à SIC. Veremos os próximos passos.