
A campanha eleitoral tem uma figura central, um protagonista principal e um grande divulgador das propostas políticas. A figura central é a bazuca e os seus milhões. A forma como o primeiro-ministro tem passeado pelo país a transportar a boa nova do dinheiro europeu é um caso curioso de discurso político. Desta forma, Costa coloca-se, a si, ao seu governo e à avaliação do seu desempenho, no centro das eleições autárquicas, o que é arriscado e sobretudo desajustado, porque no domingo o que devia estar em jogo era a avaliação dos projetos autárquicos, que são, por definição, de proximidade.
Mas a política é o que é, e por isso mesmo o chefe do governo central, António Costa, transformou-se no protagonista principal das eleições municipais. Mas o facto verdadeiramente novo e interessante é a divulgação de uma imensidade de propostas, candidatos e discursos muito locais, através da proliferação de vídeos e de transmissões em direto nas redes sociais. Tais vídeos e transmissões em direto têm sempre um impacto limitado, quer porque chegam a pouca gente, quer porque a generalidade dos portugueses gosta de ver as redes sociais, mas não confia nelas, e bem.
Só que este ano Ricardo Araújo Pereira tem sido o grande divulgador dessas micro-campanhas, no seu programa de domingo à noite 'Isto é Gozar com Quem Trabalha', mostrando o lado mais pícaro, ou seja, cómico e até um pouco ridículo, destas eleições autárquicas. O efeito eleitoral da enorme difusão destas mensagens, em pleno horário nobre da SIC, será, estou certo, muito reduzido ou praticamente nulo. Nenhum dos candidatos expostos por Araújo Pereira terá uma votação diferente por causa disso. Mas que dá um bom programa de humor, lá isso dá. Eis a verdadeira bazuca eleitoral nas noites da SIC.
PROGRAMAÇÃO - BIG BROTHER
A estreia do Big Brother aproximou a TVI da SIC. A esta distância do fim do ano, vou arriscar uma previsão, baseada não numa qualquer futurologia, mas sim no conhecimento dos públicos, dos horários e do efeito a longo prazo de cada decisão que um programador toma. A TVI vai subir com o BB, mas não vai conseguir chegar à liderança, porque o efeito negativo da dupla de apresentadores ao domingo neutraliza o efeito positivo conjugado dos concorrentes e do que está bem feito nesta edição do reality. Quando a TVI fizer o balanço, no final do ano, pode culpar quem escolheu a dupla Goucha-Cláudio pelo falhanço da conquista da liderança. Aqui faremos a análise.
INFORMAÇÃO - PEDRO MOURINHO
Em qualquer estação, os responsáveis da informação atribuem os sucessos a si próprios, enquanto os fracassos são culpa dos erros da programação. "O jornal não ganha porque a grelha não tem arrasto", é a frase chave. Na TVI, por uma razão ou outra, o jornal não ganhava desde que Cristina Ferreira deu uma entrevista há mais de um ano a Pedro Pinto, agora responsável pela comunicação do Benfica. Razão para que a vitória do jornal de Pedro Mourinho, na semana passada, seja um acontecimento digno de registo.
SOBE - ANA LOURENÇO
Uma boa decisão na RTP. Colocar Ana Lourenço a apresentar o Telejornal é lógico, é bom para a estação e é ótimo para os espectadores. Entregar-lhe o fim de semana só se justifica pela necessidade de não fazer ruturas, mas muito em breve a dupla a alternar no jornal do canal-1, de segunda a sexta, terá de ser ela e José Rodrigues dos Santos.
SOBE - JOSÉ FRAGOSO
Num tempo em que a RTP atravessa uma enorme crise, dá sinal de vida ao apresentar um conjunto de apostas para a programação e para a informação. A insistência nas séries, já se viu, é muito arriscada, pelo que é de elogiar a continuidade da escolha. Veremos o resultado desta nova grelha.
SOBE - FERNANDO MENDES
Não é possível falar do futuro da RTP sem salientar o papel do apresentador do 'Preço Certo'. Na verdade, cabe-lhe a ingrata tarefa de carregar o serviço público às costas. Quer em direto, quer em episódios novos, quer em repetições, Fernando Mendes entra em antena e evita maiores humilhações para o canal 1. Devia ter uma estátua à porta da sede da empresa.