
Hoje vou.
Pedir desculpa.
Dizer o que sinto.
Desistir do que não sinto.
E dançar.
Dançar na chuva.
Cantar na rua.
Hoje vou dizer que não.
Que não quero o que só dói.
Que não me entrego a quem não se entrega.
Que não insistirei no que só magoa.
Não.
Não me calarei perante a injustiça.
Não ficarei ao lado de quem é injusto.
Não.
Não farei de conta que não dei conta.
Terei coragem. Serei.
Hoje assumo.
A mulher que sou.
A força que tenho.
A raiva que me corre nas veias.
A sensação de que se posso mudar o mundo então mudá-lo-ei.
Hoje assumo.
E temo. E caio.
Porque o medo é coragem por ser.
Porque cair é a véspera de crescer.
Porque quem nunca caiu nunca voou.
Hoje digo.
Digo que não mais viver por viver, que não mais andar por andar.
Digo enfim que no final fica o que se sente, e é isso o que sou.
Sou a senhora e a menina, a que sonha e a que perde.
Sou humana por inteiro, sobretudo quando a mágoa às vezes me parte a meio.
Sou a que quando faz tem de ser em grande, e que só deixa de fazer quando finalmente estiver feito.
Sou a que já quis apenas ser feliz e que agora faz por ser feliz, a que não fica à espera de uma decisão e que prefere tomá-la na sua mão.
Hoje sou o que sempre serei, o que sempre fui, o que jamais esconderei.
Hoje sou a mulher que sou.
A única mulher que sei ser.
Teatro: s.m. Arte de transformar a emoção em espectáculo; nunca houve, nem haverá, nada mais espectacular do que o amor.