
Quando se quer, faz-se.
A frase estava na cabeça e não me saía da cabeça. Quando se quer, faz-se, porra. Porque é que ela não está aqui? Porquê? Se me quer porque não vem? Disse que vinha e não veio. E eu aqui, à espera, neste café cheio de gente e ninguém é ela.
O pior do amor é ninguém mais ser o amor senão aquela que amamos, não é? E é tão bom.
— Desculpa o atraso.
— Não tem problema.
— Não?
— Não. Se vieres vens a tempo. Seja a que horas for. Se vieres vens a tempo.
O pior do amor é vir sempre a tempo mesmo quando chega tarde demais e mesmo assim consegue estar perfeitamente a tempo de corrigir tudo o que houver para corrigir, para alterar tudo o que houver para alterar, para levar à frente tudo o que porventura pensar que o possa impedir, não é? E é tão bom.
— Pensei que sabia quem era. Mas depois chegaste tu.
— Eu sempre soube quem era. Era aquele que te ama. Ainda sou, aliás.
As palavras bonitas são bonitas quando mexem com o que está à volta. Sempre que uma palavra altera para melhor a realidade é uma palavra bonita. Pode ser a pior palavra do mundo e continua a ser uma palavra bonita. As palavras não valem pelo que são. Valem pelo que, naquele momento, valem.
— Foda-se.
— O que foi?
— Amar assim não tem solução. E eu não consigo lidar bem com o que não tem solução. Sinto-me presa, fechada dentro duma caixa.
— Deixa. Eu ajudo-te.
— Vais tirar-me da caixa, é?
— Não: vou contigo para lá.
E foi.
E foram.
União: s.f. Capacidade de transformar em muito mais do que dois a soma de um com um.