Não sei se já teve oportunidade de ver um episódio de Quer o Destino, a novela da TVI passada no Ribatejo. Se já viu, ou é fã, entende o que vou escrever; se ainda não viu nada, espreite, que não se vai arrepender. É uma boa história, bem adaptada de um original chileno –
Para mim, o segredo é ter um Luís Esparteiro, que se estreou como ator em Vila Faia (1982), no melhor papel da sua vida, graças ao fadista surdo Alfredo; é ter uma ressuscitada Marina Mota capaz de fazer rir e, imagine-se, de fazer emocionar; é ter um Pedro Sousa na pele do psicopata Mateus, um médico-veterinário que mete medo a qualquer um; é ter um Rodrigo Paganelli, nascido nos Morangos com Açúcar, dar um festival de representação, na pele de Hugo, trabalhador rural, sindicalista e um puro romântico; ou, por fim, é ter uma Eunice Muñoz, com 91 anos, apesar de ser uma participação especial, a mostrar como se faz.
Quer o Destino tem muita qualidade, é uma excelente aposta da TVI, com uma média de 1 milhão e 200 mil espectadores. E numa estação que anda a caçar com fisgas, que vive uma instabilidade diária remenda, que enfrenta um rival, o de Paço de Arcos, que se dá ao luxo de ter especiais que não têm nada de especial, de manhã à noite – caro Daniel Oliveira, só falta pôr a palavra especial durante os anúncios –, este resultado, que a leva a ser líder ao sábado, tem de ser valorizado.
Outra trama do género, portuguesa, a explorar esta fase emocional que tomou conta de nós todos, bem produzida e com um elenco forte, começava a fazer mossa na SIC. Sim, a fórmula para a TVI poder vencer um dia a SIC é ter na grelha duas boas novelas e um reality show, que pode até ser o Big Brother, que vai começar a crescer nos próximos dias. Mas, claro está, para isso, a estação de Queluz de Baixo precisa de várias coisas, principalmente de estabilidade… que hoje não tem.