
Há que fazer uma confissão de final de ano: em 2023 o meu sofá foi muito mal tratado. O sofá da sala, entenda-se, aquele no qual me sento (ou me deito) para passar revista à programação televisiva. Em 2023 o meu sofá passou a ter um novo parceiro que não a televisão lá de casa: o telemóvel. Não estou, evidentemente, a falar de mensagens trocadas, nem de pesquisas no Google e apps de ocasião. É de filmes que falamos, de vídeos do YouTube, do que se baixa em plataformas 'streaming' e pode ser consumido em qualquer lugar.
Não sei como é na vossa casa, mas na minha a grande verdade é que a televisão passou a ocupar um lugar secundário na vivência diária. Ganhou outras valias, enquanto o telemóvel também expandia o seu raio de ação. Notícias? Sim, vemos (ou consultamos) já aqui, num site ou num 'player'. Ficção? Igual. Ou seja, a verdade é que ao longo do ano fui mudando de posição no meu sofá. Deixei de estar necessariamente virada para a televisão, para poder estar de costas para ela.
Quer isto dizer que a televisão perdeu relevância? Ou, se quisermos exacerbar as coisas: perdeu poder? Não diria isso, apenas que o mundo muda e com ele a forma como tiramos partido do que nos rodeia. Quando ganhamos uma escolha mais diversificada do que podemos consumir, dos meios ao dispor, isso dá-nos a alegria da opção, de não ficarmos espartilhados com o que nos querem oferecer, mas sermos nós os decisores. Escolhemos canais, plataformas, gadgets e é nessa liberdade que evoluímos e obrigamos os fornecedores de conteúdos a acompanhar as nossas novas necessidades. É o mercado a mudar. E isso é bom... quando acontece.
Nesta nova vida que acabei por dar ao meu sofá caseiro, agora multiuso dependendo do que assisto e em que "eletrodoméstico" o faço, confesso que volta e meia me sinto nostálgica dos tempos dos super-poderes do aparelho televisão. Se calhar é por isso que ainda é aqui que adoro ver filmes, em mega ecrã e super-som. Espero que 2024 não me desiluda nessa temática e me mantenha apaixonada pelo meu sofá.
É sinal que os operadores estão a cumprir bem a sua função.