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Luísa Jeremias
Luísa Jeremias No meu Sofá

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Tudo é política, exceto a política. Política é poder

Assim foram os debates que tomaram conta dos serões televisivos nos últimos tempos: duelos de galos. Quanto mais barulho, quando mais a crista se empina, quanto mais alto se canta, melhor – pensam eles. É sinal de poder, acreditam.
23 de fevereiro de 2024 às 07:00
Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro
Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro Foto: Medialivre | Instagram

A frase verdadeira, a escrita por Oscar Wilde e celebrizada pela personagem de Francis Underwood [Kevin Spacey] na série 'House of Cards', não tem a política como sujeito. Onde se lê "política", leia-se sexo. O resto é tudo igual: uma questão de poder.

Assim foram os debates que tomaram conta dos serões televisivos nos últimos tempos: duelos de galos. Quanto mais barulho, quando mais a crista se empina, quanto mais alto se canta, melhor – pensam eles. É sinal de poder, acreditam.

Na verdade, 50 anos após o 25 de Abril de 1974, a política assume a sua componente de poder numa perspetiva diferente da descrita em cima: popularizou-se entre novas classes etárias. Mérito do TikTok, dos disparates e "dancinhas" que ali se encontram, dos vídeos super-profissionais divulgados no Instagram ou, se calhar e simplesmente, porque os "novos" estão mais maduros do que muitos "velhos", a verdade é que a discussão política – ou de poder, se preferirmos – voltou a ser tema. Não vamos olhar para o pior, para as famílias divididas em torno da discussão sobre o papel dos imigrantes (e, já agora, emigrantes). Vamos ver a parte positiva: pensar política é bom. Faz crescer, estimula, obriga a raciocinar e a olhar para dentro, para nós, para o papel social e em que cruz colocamos no boletim de voto, quais as suas consequências. Não, não são "todos iguais". Isso é conversa de ditadura, não de democracia. E é em democracia que vivemos e assim queremos continuar: livres de decisão e "pensantes". Estão a ver como política e sexo têm tanto em comum. E são, afinal, ambos, poder. Poder de escolha. De experimentar. Poder de viver e de nos sentirmos vivos e decisores das nossas opções.

E depois da maratona de discussões "a dois" no ecrã, comentadas até não poder mais por eruditos da política e por comuns mortais, entramos na segunda fase: a sedução do eleitorado, que é o mesmo que dizer ir para a rua atrás do voto, do "escolhe-me a mim". Estão a ver para onde estamos a caminhar? Dia 10 contam-me quem foi o noivo escolhido. E, se houve traição – que, no caso, também é poder.

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