
Janeiro foi o primeiro sinal (sério) de que algo poderia vir a mudar na TV portuguesa, e fevereiro está aí para o confirmar: a TVI colou-se à SIC, líder de audiências há dois anos. Neste período concreto, e abordei-o aqui em várias semanas, a estação de Paço de Arcos não inovou, pouco arriscou, foi apenas jogando no erro do adversário – e foram muitos cometidos por Cristina Ferreira. Isso tornou-se fatal. Agora, com um rival mais eficaz na ficção e com um reality show poderoso – o Big Brother Famosos –, as contas são outras.
Numa gíria futebolística, a SIC não matou o jogo, quando teve oportunidades soberanas para o fazer, a TVI foi acreditando que era possível virar o marcador e, hoje, com a equipa mais arrumada em campo, mostra competências para outras conquistas. Se Daniel Oliveira já olha para trás e sente o bafo do rival, entretanto reforçado com José Eduardo Moniz e Nuno Santos, em Queluz de Baixo começa a respirar-se confiança… jogando em equipa. O "eu" parece estar a dar lugar ao "nós". O que faz toda a diferença.
"Não há homens nem mulheres providenciais. Há, sim, pessoas que vivem apaixonadas pelo que fazem e que acreditam no trabalho em equipa como fator diferenciador. O mérito, seja em que atividade for, não é de um, mas de todos os que se envolvem, de alma e coração, em torno da crença de que o impossível está ao alcance da mão. No fundo, a vida é isto: uma pista de obstáculos onde o prazer se obtém ultrapassando, corajosamente, um a um." O recado é de Moniz, quase a ser oficializado como diretor-geral da TVI.
Dou um exemplo da falta de ousadia de Daniel Oliveira: ‘Hell’s Kitchen’, de Ljubomir Stanisic. Fenómeno na TVI, quando alguns acreditavam que o chef fazia sentido apenas no cabo, o diretor da SIC contratou-o, aproveitando uma má relação do jugoslavo com Cristina. Deu-lhe um formato de luxo, mas logo se sentiu que o seu sucesso tinha um caminho estreito. O que aconteceu? Avançou-se para uma segunda temporada, fazendo igual.
No último domingo, o reality show, dividido em quatro "fatias de pizza", ficou-se pelo 12º, 17º, 20º e 26º lugares. O melhor resultado? Uns míseros 750 mil espectadores. Pouco, muito pouco, para tanto investimento.