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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Casa roubada…  

A repulsa foi grande demais e o Governo cedeu. Agora, já há centenas de milhões de euros para combater fogos. Porquê só agora?
29 de outubro de 2017 às 13:26

Ao escrever esta crónica, dizem as previsões meteorológicas que a temperatura vai subir nos próximos dias e que teremos um fim-de-semana e uma semana soalheira. Um aviso anormal para esta época do ano, porém, igual a tantos outros que ficaram para trás e onde fomos confrontados com as maiores tragédias de sempre no que à vida dos campos diz respeito. Cento e dez mortos, meio milhão de hectares de floresta e de mata ardida, aldeias dizimadas, fábricas destruídas, milhares de cabeças de gado mortas, um retrato do Apocalipse.

Ao olhar tudo isto junto, e sabendo-se que, nos últimos quatro meses, todas estas mortes ocorreram em apenas dois dias, ao olhar para a nossa própria surpresa, e indignação, aquilo que se sentiu foi ausência de resposta do Estado. E indiferença. Foi a tempestade perfeita onde tudo falhou e nem o discurso do Presidente da República, nem os abraços que multiplicou por esse País fora, redimiram esta sensação de luto e de revolta que habita no coração da maioria dos portugueses.

Para além da destruição avassaladora do fogo, a política ganhou a dimensão da repugnância quando confrontada com tanta dor, tanto sofrimento, apenas respondeu que tínhamos de nos habituar a estas tragédias. Nem Pôncio Pilatos conseguia tanto. Este passa culpas que ignorava a incompetência dos serviços de Protecção Civil, o desleixo de instituições responsáveis pela limpeza das matas, o cómodo desinteresse do poder autárquico que omitiu as suas responsabilidades e um primeiro ministro que, antes de procurar ser solidário com a sua gente, decidiu ignorá-la e ser teimosamente solidário com a sua ministra.

A repulsa foi grande demais e o Governo cedeu. Agora, já há centenas de milhões de euros para combater fogos e estão os serviços em alerta máximo para os dias que estão para chegar esta semana. Porquê só agora? Não teria sido melhor antes das tragédias, para que não ficasse este sabor no ar de que depois da casa roubada é que se colocaram as trancas na porta?

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