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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

A tragédia

É que quatro meses depois, em Pedrógão Grande contam-se pelos dedos da mão os sinais de recuperação. Nem os fundos de solidariedade criado com o dinheiro que generosamente oferecemos ainda não havia chegado às vítimas.
22 de outubro de 2017 às 07:44
Incêndios, fogos, pânico, calamidade, país em chamas
Incêndios, fogos, pânico, calamidade, país em chamas Foto: Lusa

Sabia-se que ia ser assim. O manifesto de incompetência e desorganização, de desleixo e desorientação que fora revelado nos trágicos acontecimentos de Pedrógão Grande era a montra que deixava ver o que o governo tinha para mostrar, caso condições meteorológicas adversas regressassem com a mesma violência. Sabia-se, até, que poderia ser bem mais grave, pois que os passeios, às zonas ardidas, por governantes sem escrúpulos prometendo rápida ajuda, não tinha passado de isso mesmo, passeios para surgirem nas televisões e mostrar aos distraídos como estavam preocupados. Não estavam nada. Nem preocupados, nem solidários. É que quatro meses depois, em Pedrógão Grande contam-se pelos dedos da mão os sinais de recuperação. Nem os fundos de solidariedade criado com o dinheiro que generosamente oferecemos ainda não havia chegado às vítimas.

A quinze de Outubro o filme tornou-se a repetir. De maneira mais difusa, matando gente em vários pontos do País. Mais de cem mortos, coisa nunca vista, são o saldo do desmazelo. Desta vez, incapazes de esconder a incompetência, respondendo com arrogância. O primeiro ministro revelou-se quem era. O especialista em joguetes políticos em Lisboa, incapaz de compreender a tragédia dos campos. Uma ministra de cabeça perdida, recordando que ainda não tivera férias por causa de tanta maçada. A pesporrência levou-a a esquecer que, por causa da inépcia dos seus serviços, mais de cem almas nunca mais terão férias. O Secretário de Estado atirou-se às populações que ficavam de braços cruzados á espera dos bombeiros. O homem não vê televisão. Talvez não fosse insultuoso para quem se deu ao combate ao fogo, recorrendo a baldes, panelas, vassouras. Aquilo que dói nas imagens é exatamente esse esforço, até ao sacrifício da vida, de bombeiros e populares enfrentando a brutalidade das chamas.

Foi preciso o Presidente da República dar o maior puxão de orelhas que já se viu, perante milhões de portugueses, para que este grupo de gente despertasse da sua indiferença. A ministra envergonhou-se e foi-se embora. Vai finalmente de férias. Porém, as causas de tanto desleixo ficam no sítio onde estão. Á espera que, um dia, alguém menos cínico, as possa resolver

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