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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Morrer em Las Vegas

A história destes massacres nos Estados Unidos é muito maior, e mais longa, que a história da Al-Qaedda ou do Estado Islâmico. São frequentes os casos de indivíduos tresloucados que arremetem contra espaços públicos, escolas, igrejas, matando a eito, zangados com o mundo. No fundo, zangados consigo próprios.
08 de outubro de 2017 às 07:00

Quando pronuncio o nome desta cidade norte-americano associo-a, por um impulso inexplicável, ao filme de Mike Figgis, ‘Morrer em Las Vegas’. Talvez por ser um fã incondicional de Nicolas Cage e ter ficado impressionado com a sua primorosa representação do argumentista alcoólico que escolhera Las Vegas para morrer. Porém, a vida ultrapassa largamente a ficção e, por estes dias, desta cidade repetem-se imagens de horror, ao vermos uma multidão em pânico fugindo das rajadas de metralhadora aleatórias disparadas por um atirador furtivo através da janela de um hotel.

Rapidamente, o Estado Islâmico reivindicou o atentado mortífero onde perderam a vida cerca de sessenta inocentes. Mas é falso. Não foi essa organização terrorista que lançou o caos e morte sobre o recinto onde se desenrolava o espetáculo. O FBI já desmentiu essa versão e não admira. Devido ao seu crescente enfraquecimento como organização terrorista, o Estado Islâmico chama a si a autoria de qualquer massacre ou ato de barbárie cometido a título individual ou grupal, em qualquer parte do mundo. É uma questão de propaganda.

A história destes massacres nos Estados Unidos é muito maior, e mais longa, que a história da Al-Qaedda ou do Estado Islâmico. São frequentes os casos de indivíduos tresloucados que arremetem contra espaços públicos, escolas, igrejas, matando a eito, zangados com o mundo. No fundo, zangados consigo próprios.

Por outro lado, a multiplicação de atentados contra a vida não é dissociável da liberalização da venda de armas. Um negócio poderoso que condiciona qualquer política de desarmamento doméstico. Só este assassino possuía no quarto de hotel mais dez armas de grosso calibre disponíveis para prolongar o massacre.

Mais um episódio de lágrimas e sofrimento na perturbada história das tragédias semelhantes um pouco por todo lado. Mal por mal, prefiro ver Nicolas Cage em ‘Morrer em Las Vegas’. Um filme esplêndido que vos aconselho. Para esquecer a dura realidade assassina que esta cidade agora evoca.

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