
Os resultados do PISA, que avaliam os alunos no quadro da OCDE, dá-nos conta de que os nossos jovens são os últimos, na comparação com os restantes países, e aqueles cujos resultados mais caíram no último triénio. O ministro da Educação veio dizer, ao comentar o estudo, que não consegue ter uma explicação para tão desastroso lugar. Sobretudo do Português e da Matemática. Existem algumas evidências de que a pandemia, assim como a falta de professores, contribuiu para a ineficiência dos nossos alunos. É possível, mas desconfio que esta argumentação faz parte do receituário genérico que vai culpando o nosso atraso endémico que suga a melhor energia e nos coloca, há vários séculos, no território do subdesenvolvimento e culturalmente desnutrido. Bom, adiante.
Os nossos jovens, e não jovens, vulgarmente dão erros ortográficos. Existem alunos de mestrado que não sabem conjugar os verbos. É difícil encontrar adolescentes que saibam interpretar textos. Por outro lado, a História e a Cultura são uma insignificância nos currículos. Na Literatura a coisa é feita pela rama, onde os grandes mestres da Língua estão misturados com escritores de pacotilha, não existe tempo para a profundidade analítica, nem tempo para a reflexão crítica. Contra o analfabetismo massificou-se na iliteracia. Aceita-se a ignorância dissimulada e exaltam-se as tecnologias e as narrativas disruptivas sobre o género, a igualdade, ignorando o suporte fundamental da Memória e da Cultura para abarcar essas temáticas. São poucos os alunos que frequentam bibliotecas, substituídas pelos telemóveis e redes sociais. Por textos curtos. Por vezes encriptados. Textos superficiais, rápidos de digerir, intervalados por emojis. Tão fúteis quanto acríticos. Enquanto isto, os professores – os verdadeiros príncipes de qualquer Estado avançado – são tratados como carne para canhão, desautorizados, escravos de mil burocracias.
É neste quadro de evidências que um eventual reformador deve abordar o futuro da Educação. Um desafio para décadas que exige coerência e disciplina para não formarmos jovens amputados, habilitados a cair na marginalidade sem graça nem proveito.