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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

As crianças

Nos últimos 60 anos, o índice de envelhecimento passou de 27,3% para 182% e desde 2007 existem mais óbitos do que nascimentos. É certo que este fenómeno não é exclusivamente português. É a dor de cabeça que os países mais desenvolvidos, em particular no espaço europeu, enfrentam, embora com menos gravidade do que a situação nacional.
03 de dezembro de 2023 às 06:00
Crianças
Crianças

De vez em quando, os discursos políticos trazem a público as suas preocupações com o desequilíbrio do saldo fisiológico da população portuguesa. Repito, de vez em quando, pois, na verdade, não apresentam uma estratégia coerente para inverter o declínio populacional.

Segundo os dados do Pordata, em 2022, existiam 183 idosos para cada cem crianças. Dito de outra forma, nos últimos 60 anos, o índice de envelhecimento passou de 27,3% para 182% e desde 2007 existem mais óbitos do que nascimentos.

É certo que este fenómeno não é exclusivamente português. É a dor de cabeça que os países mais desenvolvidos, em particular no espaço europeu, enfrentam, embora com menos gravidade do que a situação nacional. Aqui, aumentam os cemitérios e fecham-se maternidades. Como se altera a atual situação?

Não é um problema fácil. Não se resolve, apenas, com o único mecanismo que os governos parecem conhecer: distribuir subsídios e vales, aliviando impostos para jovens, julgando assim incrementar a fecundidade. Sabe-se, pela experiência já vivida, que esta visão meramente economicista é um penso rápido numa ferida profunda. E grave.

Falta encontrar a alquimia certa para resolver ou, pelo menos, diminuir esta confrangedora falta de crianças. A afirmação dos direitos das mulheres é uma das importantes variáveis a ter em conta. Nos últimos 30 anos, a idade da primeira maternidade passou de 27,1 anos para 32,2 em 2022. Também os homens são pais mais tarde. O número de casamentos desceu para metade desde 1990, enquanto os divórcios subiram em flecha. Por outro lado, a sexualidade reprodutiva tem uma dimensão descristianizada que há duas décadas, não se vislumbrava. É verdade que a pobreza, as condições de vida e de trabalho retraem a natalidade. Há meio século estes pressupostos já existiam e a reprodução continuava a bom ritmo.

Julgo, que entre as muitas variáveis que se colocam, falta conhecer a mais importante: como evoluiu o casamento e o amor em Portugal? A estatística não entra neste território das emoções. E é necessário encontrar uma resposta.

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