
Sabendo-se que grandes multidões são alvos apetecíveis para os terroristas, a preparação da operação, que assegurava tranquilidade às centenas de milhares de pessoas que esperava o Papa Francisco, foi um trabalho gigantesco que correu longe do olhar dos curiosos. A explosão de uma bomba naquele recinto de fé teria lançado o caos e destruído uma bela festa religiosa e assumiria proporções mundiais.
Felizmente não foi assim. Desde o encerramento das fronteiras, passando pelo controlo apertado do espaço aéreo até aos serviços de informações e policiamento de proximidade, todos os aspectos da segurança foram assegurados e, como sempre, quando as coisas correm bem, não existem notícias nem se fala deste esforço invisível.
Apenas com uma reserva. As desastradas declarações da ministra da Administração Interna, a propósito das acomodações dos militares da Guarda Republicana mobilizados para prestar serviço naquele recinto. Dormindo em colchões espalhados pelo chão de grandes pavilhões, houve da parte dos militares queixas da falta de condições pois não havia casas de banho acessíveis para perto de dois mil homens. O comentário da ministra quis ser jocoso, sugerindo que talvez estivessem sem protestos se ficassem alojados num hotel de cinco estrelas.
Não teve a resposta que merecia. Em hotéis de cinco estrelas ficam alojados ministros e não deve haver um agente policial que sonhe ascender a esse panteão de deuses, por mais medíocres que sejam. É certo que estavam numa operação de grande envergadura e responsabilidade. Porém, as condições mínimas de sobrevivência são elementares quando se trata de logística. Sobretudo de casas de banho. Ora não perceber isto, revela como voltamos sempre à velha necessidade de recordar que polícias e guardas não são bichos. Coisa que a senhora ministra parece ignorar.