
É um ritual cumprido religiosamente, desde que me conheço enquanto amante da sétima arte, não obstante as poucas horas de sono que me rouba, ano após ano. Assistir à cerimónia de entrega dos Óscares de Hollywood é algo que não dispenso e nem mesmo o erro grosseiro que eternizou o final trágico-burlesco da 89ª edição foi capaz-na minha opinião-de retirar brilho e o glamour ao maior espectáculo televisivo do mundo.
O esgar de pânico de Warren Beatty depois de perceber que, tal como Faye Dunaway, se havia enganado no anúncio do Óscar para o melhor filme, tão cedo não me irá sair da memória. A situação, altamente constrangedora, sobretudo para o elenco do filme La La Land, que durante cerca de 3 minutos ainda viveu o sonho de ter conquistado o prémio mais prestigiante da noite, acabou por conferir justiça na hora de consagrar a melhor longa-metragem de 2016.
Sem querer apoucar os créditos do filme realizado por Damien Chazelle, entendo que Moonlight é, sem margem para dúvidas, o melhor. Esbocei um sorriso, depois de corrigida a bendita gafe, e também depois de perceber que a grande gala não serviu para reduzir a cinzas Donald Trump, tal como se conjeturava. Ao invés, anfitriões e atores, com principal destaque para os afro-americanos, não aproveitaram o palco para se vingar do presidente dos Estados Unidos.
Eles, tal como eu, já perceberam que fazer ressoar os disparates de Mr. Trump, só serve para lhe oferecer, de bandeja, mais tempo de antena, amplificando dessa forma a capacidade de fazer valer a sua linha de pensamento. Ainda a viver a ressaca da grande noite dos Óscares já só penso na de 2018. Com ou sem gafes.