
O crime cometido, à vista de todos, incluindo das autoridades, no passado dia 15 de fevereiro, à porta do quartel dos bombeiros de Guimarães, é, até ao dia em que escrevo esta crónica, um dos maiores atentados à liberdade de expressão, num país que vive à luz de um Estado de Direito.
O roubo do microfone da CMTV e os episódios insanos ocorridos nos dias subsequentes – todos eles de conhecimento público e perpetrados por elementos da claque Super Dragões e enfatizados nas redes sociais pelo seu líder Fernando Madureira, mais conhecido como "macaco" – deveria ser motivo de preocupação para todos os cidadãos, que prezam a liberdade e repudiam o vandalismo; que estimam a verdade em detrimento da mentira; que elegeram para as suas vidas a ordem e não o caos.
Nunca, em mais de duas décadas de carreira, enquanto jornalista, imaginei ter de assistir a tamanha bizarria e à flagrante impunidade de alguns "macacos" que pelos vistos tomaram o lugar das "bananas" numa República atolada em mecanismos de justiça anacrónicos e enferrujados.
Como se não bastasse ter ficado privada de realizar o seu trabalho de reportagem, no âmbito de um julgamento onde os arguidos, entre os quais se encontra Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente do FC do Porto, e Antero Henrique, antigo administrador da SAD portista, respondem a acusações de associação criminosa, exercício ilícito da atividade de segurança privada, extorsão, coação, ofensa à integridade física qualificada, tráfico, posse de armas proibidas, etc, a jornalista da CMTV, Tânia Laranjo e a filha têm sido cobardemente ameaçadas, quem sabe, pelos mesmos "macacos" que, longe do seu habitat natural, têm como objetivo erradicar as matrizes do mundo civilizado, transformando-o numa autêntica selva.
Continuo a acreditar no meu País e acima de tudo em quem o governa e por isso mesmo esta "macacada" só pode ter um desfecho. Até lá, fica o recado: ninguém vai conseguir impedir os jornalistas, sejam eles da CMTV, da SIC, da RTP, ou da TVI, de exercer a sua profissão. Nem mesmo o maior e mais grotesco "gorila".