Em setembro do ano passado, Madonna foi atacada nas redes sociais e acusada de irresponsabilidade pelo facto de ter partilhado um vídeo em que os filhos pisavam o relvado exterior do Palácio de Seteais, em Sintra. Pelos vistos, David, Benda e Stella, todos eles menores, não respeitaram a sinalética e deviam, por isso, na opinião dos espíritos lusitanos mais inflamados, abandonar o País, voltar para os Estados Unidos.
A rainha da pop, ainda a viver os primeiros tempos neste rectângulo à beira-mar plantado recebia ordens de expulsão. Já este ano foi achincalhada na Assembleia da República quando foram tornados públicos os termos do contrato que havia assinado com a Câmara Municipal de Lisboa para o estacionamento do seu parque automóvel composto por 15 viaturas.
Fernando Medina foi acusado de provincianismo por permitir que a cantora pagasse menos de parqueamento e a ex-vice-presidente do PSD, Teresa Morais, chegou ao ponto de afirmar que "Lisboa estava de cócoras para Madonna". As críticas, os queixumes e as reivindicações, sobretudo em relação à polémica com a EMEL, são legítimas e respeitáveis, mas jamais deveriam funcionar como arma de arremesso contra alguém que está a investir no nosso País.
Madonna mudou-se para Lisboa com os filhos, arrendou um palácio na capital e desde há cerca de um ano que praticamente todos os dias partilha vídeos e fotografias nas redes sociais, fazendo loas ao que vê, come e bebe, para milhões de pessoas. Como é possível não conseguir vislumbrar que a presença de uma figura pública como Madonna, no nosso País, é benéfica?
Afinal o que é mais provinciano? Ceder privilégios a uma figura pública com este perfil, ou permitir que a "nossa" "pequenez" se arvore e a amesquinhe, ao ponto de um dia resolver deixar de gastar milhões de euros, fazer as malas para passar a viver em Bali, na indonésia? Por mim, com todos os defeitos que possa ter e os eventuais erros (porque errar é humano) que possa cometer, espero que a Madonna, que celebra dia 16 de agosto 60 anos, continue a ser a Dona Disto Tudo.
