'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Sandro Bettencourt
Sandro Bettencourt Por detrás da Câmara

Notícia

Espanha – 1982

Até que ponto o avanço tecnológico nos faz viver com mais fervor o maior espectáculo do mundo? Tenho sobre esse assunto as maiores reservas sobretudo quando dou por mim a viajar até 1982, ano em que, pela primeira vez, vivi com intensidade a fase final de um Mundial
12 de junho de 2018 às 16:41
Seleção do Brasil, mundial, 1982. Espanha
Seleção do Brasil, mundial, 1982. Espanha

Chegou o momento em que os nossos instintos mais primitivos são convocados pela paixão. A partir do dia 14 de junho, até mesmo aqueles que dizem à boca cheia que não ligam "peva " ao futebol, vão acabar por ficar inebriados com a magia do desporto-rei.

Na Rússia, está tudo a postos para que a bola comece a rolar. Ronaldo e companhia aceleram rumo a uma campanha que se espera vitoriosa e nós, portugueses, sonhamos com eles. O peso da distância será mais uma vez mitigado pela televisão, pela rádio e uma miríade de aplicações nos telemóveis.

Até que ponto o avanço tecnológico nos faz viver com mais fervor o maior espectáculo do mundo? Tenho sobre esse assunto as maiores reservas sobretudo quando dou por mim a viajar até 1982, ano em que, pela primeira vez, vivi com intensidade a fase final de um Mundial.

Com a atribuição da organização do evento à vizinha Espanha acreditava, tal como os meus quatro irmãos, que Portugal nunca tinha estado tão perto de poder voltar a participar na prova. O grupo de qualificação não se adivinhava fácil. À Seleção portuguesa juntavam-se Escócia, Suécia, Irlanda do Norte e Israel.

Depois de uma campanha desastrosa, acompanhada a preto e branco, aos meus manos, tal como eu, só nos restava torcer e vibrar com o Brasil, cujo plantel veio estagiar, na altura, em terras lusas.

O fraco consolo transforma-se numa aventura inesquecível quando o meu irmão Raúl (Lito) trás para casa a caderneta da Panini. Aquele objecto passou a ser de culto e ainda hoje me recordo com saudade do toque e do cheirinho dos cromos.

Ao final da tarde, era com os olhos a brilhar que abríamos as saquetas para de lá retirar os craques. Sócrates, Zico, Falcão e Paolo Rossi foram as figuras que acabaram por me marcar para sempre assim como a mascote Naranjito.

Às nossas tertúlias, sem iphone ou um led com resolução em 4 k, juntávamos essa mítica caderneta. Era através dela e de alguns jornais que conjecturávamos sobre a seleção canarinha e os outros candidatos ao título.

O Brasil não venceu e acabou por ser a itália a levantar o caneco depois de derrotar a República Federal Alemã por 3-0 num jogo eletrizante. Desde então nunca mais deixei de comprar a minha caderneta.

Sozinho, é com ela que revivo os tempos de convívio que já não voltam e que tanta falta fazem aos nossos jovens e crianças. Na Rússia, Fernando Santos e os seus pupilos trabalham para fazer história. Por cá, vou torcendo por eles, ao mesmo tempo que preencho a caderneta.   

Leia também
Leia também
Leia também
Leia também

você vai gostar de...

Mais notícias de Por detrás da Câmara

Impossível baixar a guarda!

Impossível baixar a guarda!

Infelizmente basta ligar a televisão ou ler as manchetes dos principais jornais e meios de comunicação online para perceber que as festas ilegais continuam a acontecer de norte a sul do país; que os convívios multinucleares são cada vez mais encarados como autênticas festas de desconfinamento, que o sol, o calor e o mar estão a toldar os sentidos conduzindo-nos para o precipício.
Jornalismo: o "antídoto" para a desinformação

Jornalismo: o "antídoto" para a desinformação

Os jornalistas nunca pararam durante os últimos três meses. Ao lado dos portugueses dignificaram a missão e o compromisso de informá-los ao segundo sobre a Pandemia. Esta crise trouxe consigo a certeza de que a comunicação social é o pilar de qualquer democracia.
Parabéns CMTV!

Parabéns CMTV!

Sete anos depois a CMTV continua na linha da frente com as notícias que marcam a história do país e do mundo. O canal do 'Correio da Manhã' está mais próximo do que nunca dos portugueses na luta contra o Covid-19.
E agora, Ronaldo?

E agora, Ronaldo?

Cristiano Ronaldo vive talvez o maior drama desde que o pai faleceu em 2005. A mãe, confidente e melhor amiga continua internada no hospital depois de sofrer um AVC.
O poder da fé

O poder da fé

Na década de 90 Marco Paulo fintou o destino. A crença, a vontade de viver e servir uma autêntica legião de fãs agarraram-no à vida. Agora não será diferente.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável