
A aposta nos reality shows continua a ser tendência e uma aposta clara na televisão portuguesa para alavancar as audiências. Não obstante o facto de não ser fã ou espetador atento desse género de conteúdos consigo reconhecer a estratégia de quem manda.
O voyeurismo é uma característica endémica dos portugueses. Ninguém o reconhece à boca cheia, mas espreitar pelo buraco da fechadura já se transformou num maneirismo, numa espécie de escape para uma sociedade que vive acelerada e rendida ao imediatismo dos reality shows.
Mais confrangedor do que assistir à estreia de dois programas que não me convencem, na SIC e TVI- ‘Quem Quer Namorar com o Agricultor?’ e ‘Quem Quer Casar com o meu Filho?’ – foi de facto constatar a falta de rasgo da estação de Queluz de Baixo que apostou na reciclagem de vários concorrentes provenientes de ‘First Dates’ e ‘Love On Top’ para tentar vencer a concorrência.
Os números falam por si: ‘Quem Quer Namorar com o Agricultor?’ registou um total de 31,4 de share contra 24,9% de ‘Quem Quer Casar Com o Meu Filho?’, redundando na maior vitória da SIC aos domingos desde 2013.
Contas à parte e espremendo esta oferta televisiva até à última gota, aquilo que dá é uma espécie de "Tinder em direto" com uma vasta oferta à disposição. Strippers, ex-atrizes porno e modelos que já foram capas da Playboy, serão nos próximos meses as estrelas maiores para milhões de espetadores. Não, obrigado…