
A Comporta foi, durante muitos anos, a segunda casa de Ricardo Salgado e da mulher, Maria João. Com uma moradia de luxo erguida em cima do mar, a 400 metros da praia, aquele tornava-se no refúgio preferido para o mês de agosto. Entre os mergulhos na praia, aos petiscos no Sal – entretanto desalojado pelo JNcQUOI, de Paula Amorim – o Pego era a praia por excelência da família Espírito Santo e dos muitos amigos poderosos que ao longo do verão recebiam convites para se juntarem às férias do casal.
Essa Comporta já não é mais a mesma, a condição dos Espírito Santo mudou, mas se logo após o início do caso BES abdicariam um pouco daquele reduto dourado para não serem confrontados com tudo aquilo que perderam, e não terem de lidar com os olhares de soslaio daqueles que outrora se curvavam à sua passagem, este verão marcou o regresso do clã à Comporta. Pelo menos de Maria João Salgado que, face à doença de Alzheimer do marido, leva agora uma nova vida, quase independente daquele que foi o seu parceiro de praticamente toda a vida.
Recentemente, viu o tribunal conceder o estatuto de maior acompanhado, o que quer dizer que, e uma vez que a demência não lhe permite discernir os assuntos mais básicos, será a mulher a responsável por todas as suas decisões. A medida foi decretada na sequência de um agravamento da condição de saúde de Salgado, atestada por médicos independentes, e que garante que, aos 81 anos, o antigo dono do BES já não reconhece o dinheiro, se perde dentro da própria casa e necessita de auxílio até para as tarefas mais básicas.
Maria João assume que, face à degradação do quadro clínico do marido, ela passou a ser a sua principal cuidadora, ainda que conte com algumas preciosas ajudas que lhe permitam passar parte do verão ao sol, como a FLASH! a surpreendeu nos últimos dias no areal do Pego. Na companhia de uma amiga, e já fora da zona concessionada do JNcQUOI, a mulher de Ricardo Salgado reforçou o bronzeado, deu braçadas no mar e não resistiu às tradicionais bolas de Berlim.
Não é claro onde esteja agora a ficar, depois de a família ter perdido a casa em cima da praia, bem como os terrenos da Herdade da Comporta, comprados por Paula Amorim após o colapso do BES, mas é certo que muitos dos Espírito Santo ainda mantêm as suas casas naquela localidade, pelo que este continua a ser uma zona de conforto para Maria João Salgado. Sobre a presença do antigo banqueiro naquela localidade, não se sabe se este terá acompanhado a mulher ou se, por outro lado, se mantém em Cascais, onde toda a casa foi adaptada face à sua condição de saúde, com o quarto de Ricardo Salgado a estar agora no andar de baixo para evitar acidentes. Durante a maior parte do tempo, o antigo banqueiro está confinado à casa e quando sai, depende sempre de terceiros para não se perder. Do seu círculo de amigos íntimos deixaram de fazer parte as grandes figuras da política, como Marcelo Rebelo de Sousa e Durão Barroso, com a solidão a marcar agora a existência de Ricardo e Maria João Salgado.
FINANCIADO PELO GENRO MILIONÁRIO
Com todo o seu património arrestado, Ricardo Salgado e a mulher apenas mantiveram a casa de família mesmo junto ao mar, em Cascais, cuja manutenção é custeada pela filha, Catarina Amon, casada com o milionário Philippe Amon, herdeiro da SICPA, fábrica responsável pela tinta das usada para as notas no mundo inteiro. Em tribunal, Maria João explicou que recebe uma espécie de mesada de 40 mil euros por mês para custear a manutenção da casa, pagar funcionários entre outras mordomias que os dois continuam a manter.
Uma vez por ano, o casal ruma à Suíça, por ocasião do aniversário de Salgado, em julho, onde são recebidos no castelo milionário dos Amon para as férias anuais do clã, sobre as quais têm de informar o tribunal. Aconteceu em julho passado, com Maria João a seguir da Suíça para a Comporta, onde mata saudades dos anos dourados da família.