
É, sem dúvida, uma das histórias de amor mais apaixonantes da realeza aquela que agora chega à marca dos 20 anos. Porque o romance de Carlos e Camilla tem tudo aquilo que prende à narrativa: paixão, intriga, traições e mentiras, numa relação que sempre esteve envolta em grande polémica e que, durante muitos anos, foi vivida a três, com Diana a ser como que uma vítima colateral deste amor.
E se hoje, altura em que, em Roma, divulgaram novos retratos oficiais para assinalar a data, Carlos e Camilla já contam com o carinho dos britânicos, que finalmente se renderam à relação, durante muitos anos, a monarca não se conseguia desmarcar do estigma de má da fita, a terceira pessoa no casamento entre Carlos e Diana, que provocou uma tremenda infelicidade à 'Princesa do Povo'. Mas como em tudo na vida, a história não é assim tão linear.
Para a percebermos melhor, temos de recuar ao ano de 1970, quando Carlos e Camilla se conhecem num jogo de pólo. Gostavam ambos de cavalos e, à primeira vista, tinham um sentido de humor idêntico. Contavam piadas parvas e riam-se delas com a mesma forma desprendida. Há quem diga que já na altura, o monarca, então um jovem na casa dos 20 anos, ficou encantado com a personalidade de Camilla. De acordo com as biografias publicadas, conta-se que nesse encontro ela se mostrou bastante à vontade, provocando Carlos com uma frase que ficaria para a história. “A minha bisavó foi amante do teu tetravô. O que achas disto?” , disse, referindo a Alice Keppel, que teve um caso com Alberto Eduardo durante 12 anos.
No entanto, esse primeiro encontro não foi profícuo e uma série de fatores acabariam por os afastar. E enquanto ele estava a fazer a sua formação no mar, a duquesa da Cornualha contraía matrimónio com o primeiro marido, Andrew Parker-Bowles. Foi mãe duas vezes, mas enquanto a sua vida seguia conforme o esperado para a época, Carlos preocupava. Não encontrava o partido perfeito e ostentava o título de solteiro mais cobiçado do Reino Unido.
Foi quando apareceu Diana, que fazia 'check' em todos os requisitos. Jovem, bonita e um bom partido, era vista como a princesa perfeita, que até pela tenra idade se poderia moldar mais facilmente à Coroa. Camilla, que apesar de se encontrar casada, continuava muito próxima de Carlos, foi a primeira a incentivar a relação. “Camilla gostava da Diana, porque ela achava que não seria uma ameaça. Diana era muito jovem e ingénua, o que ela pensou ser perfeito, porque era manipulável. Mas acabou por não ser assim, e Camila julgou mal”, afirma a biógrafa Ingrid Seward.
Estávamos em 1981, quando os dois anunciaram o noivado e Diana mostrava um magnetismo especial, que encantava os ingleses. Tinha um ar doce, era vista como jovem, inocente e a forma como olhava para Carlos mostrava um amor de conto de fadas, que ela sonhava viver. Só que era a única. Para o monarca, o casamento sempre foi visto como um compromisso, uma obrigação que era preciso cumprir, só que o seu coração não estava ali. Os primeiros atritos começaram logo na lua de mel, quando se tornou óbvio que Carlos e Diana tinham muito poucos pontos em comum. Ele levou uma pilha de livros e passava os dias imerso no seu mundo, ela tentava entrar no seu mundo, mas sem sucesso.
"Ela odiava os seus miseráveis livros e sentiu-se ofendida porque ele preferia enterrar a cabeça num deles em vez de se sentar e conversar com ela. Também se ressentia por ele passar horas sentado no seu cavalete, e tinham muitas discussões", conta o biógrafo real Penny Junor.
Entre os atritos do casal estava também o facto de Carlos continuar a usar os botões de punho que Camilla lhe dera, com dois Cs entrelaçados, com Diana a aperceber-se desde cedo que a duquesa da Cornualha iria estar sempre entre os dois.
O DIVÓRCIO E O PRÓXIMO CAPÍTULO DA HISTÓRIA
Apesar de nunca terem tido um casamento feliz, até ao nascimento de Harry, os dois conseguiram disfarçar publicamente a falta de sintonia, mas à medida que os anos passavam e Diana conhecia melhor os cantos à casa, crescia uma convicção de que os dois não teriam hipótese de ser felizes em conjunto.
“Ela amava-o tanto, mas ele nunca lhe deu esse amor em troca", disse uma fonte à imprensa britânica.
A convicção é a de que Carlos e Camilla retaram secretamente o romance em 1986, cinco anos depois do casamento com Diana, altura em que a tensão se começou a agudizar, altura em que a Princesa do Povo terá confrontado o marido sobre a traição. Dias depois, a duquesa da Cornualha ter-se-á dirigido à rival com a seguinte troca de palavras a acontecer.
"Tens tudo o que sempre sonhaste. Todos os homens do mundo estão apaixonados por ti, tens dois filhos lindos. O que mais poderias querer?’ Então eu disse-lhe: ‘Quero o meu marido’”, revelou Diana a Andrew Morton, que posteriormente passaria a conversa para a biografia da princesa.
Em 1992, essas palavras acabariam por ser reveladas, na sequência da divulgação de várias conversas telefónicas entra a princesa e um suposto amante, em algo que seria denominado como Diana Gate, mas pouco tempo depois disso surgiria o Camilla Gate, com várias conversas íntimas a exporem a relação extraconjugal entre os dois. O divórcio era, então, o único caminho, tendo sido assinado oficialmente em 1996, numa separação explosiva envolta em grande polémica, e que ficaria marcada pela célebre frase da Princesa. “Éramos três neste casamento, estava um pouco lotado", disse a princesa.
Por essa altura, Camilla também já estava divorciada e se as condições pareciam reunidas para que os dois assumissem finalmente o amor, a trágica morte de Diana, em 1997, viria a colocar um travão nessas aspirações.
Só em 2005, os dois acabariam por trocar alianças, numa cerimónia civil, que mudou o jogo para o mediático casal, que já não precisava de se esconder. Foi a porta de entrada de Camilla para a família real, algo que foi acontecendo, no entanto, muito lentamente, de forma ponderada, e sem cometer erros, com a consciência de que este seria sempre um terreno pantanoso, no qual teriam de se movimentar com cuidado. No meio de tudo isso, Camilla acabaria também por conquistar os filhos do marido, especialmente William, com quem hoje mantém uma excelente relação.
Passaram-se 20 anos e ela demorou a ser acolhida pelos britânicos, havia sempre ceticismo à volta dela. No entanto, no momento em que chega ao trono, Camilla parece ter conseguido a sua rendição