A morte violenta dos pais de Rui Vitória
Agora é tempo para celebrar o tetracampeonato do Benfica, mas Rui Vitória já viveu tempos dramáticos. Os pais do treinador encarnado e também os do seu melhor amigo e padrinho de uma das filhas saíram para um passeio e já não voltaram a casa. Foi a mulher que o salvou deste profundo desgosto.
No dia 21 de setembro de 2002, um sábado, Avelino e Esmeraldina Vitória saíram para um passeio, com um casal amigo. Foram todos no mesmo carro. Faleceram todos no mesmo acidente, já no regresso a Alverca, terra que viu nascer o treinador encarnado e onde os seus pais viveram.
Um violento desastre rodoviário ceifou a vida de Avelino e Esmeraldina e também dos pais do seu melhor amigo, Paulo Xavier, padrinho de uma das suas filhas. "Foi uma grande tragédia porque eles ainda eram pessoas novas. Andavam na casa dos cinquenta. O Rui tinha pouco mais de trinta anos", conta Pedro Vilela, amigo de longa data de Rui Vitória.
"Ele ficou muito desgostoso. E, ainda por cima, pouco depois divorciou-se da primeira mulher", revela o mesmo amigo.
De facto, quando os seus pais, um soldador e uma escriturária, partiram, o primeiro casamento, com Carla Lázaro, professora de Educação Física, já estava em crise e o divórcio acabou por ser lavrado no dia 27 de maio de 2004.
Foram nove anos de relação, da qual nasceu a primeira filha de Rui Vitória, Mariana, hoje uma adolescente de 19 anos.
O FILME DO DESASTRE FATAL
O próprio Rui Vitória recordou, em entrevista ao semanário 'Expresso', o dia do trágico acidente que lhe levou os pais. "Foi num sábado à tarde. Estava a beber um café com uns amigos na Póvoa de Santa Iria e recebi um telefonema. Disseram-me que tinha acontecido uma coisa grave, e eu pus-me a caminho de Alverca, e foi só então que percebi o drama — os meus pais tinham morrido num acidente de carro".
Passava pouco das três da tarde quando o embate se deu, na estrada, já muito perto de Alverca. "Morreram os meus pais e os pais do meu melhor amigo, que é padrinho da minha filha e que tem um filho do qual sou padrinho", lembra.
"FUI EU QUE OS LEVEI PARA A COVA"
Esta tragédia, que não esquece, mudou-lhe a vida. O luto precoce e inesperado provocou a Rui Vitória um grande choque emocional. "Ganha-se uma espécie de carapaça, nada nos pode atingir. Lembro-me de que enfrentei aquilo de peito aberto. Já era casado, tinha uma filha pequenina e tive coragem".
O treinador encarnado ainda se questiona mas conseguiu ganhar coragem para enfrentar aquele momento. "Hoje, vejo que tive de ser forte e arranjei defesas. Fui eu que levei os meus pais para a cova, acompanhei-os até ao fim, no caixão. A partir daí, todos os problemas que enfrento são relativizados".
MULHER SALVOU-LHE A VIDA
Pouco tempo depois de se ter divorciado, e de os pais terem falecido, Rui Vitória começou a conviver, mais de perto, com a sua segunda mulher, também professora de Educação Física. Ambos davam aulas na mesma escola secundária, em Alverca.
Pedro Vilela, amigo do casal, recorda aqueles tempos: "O Rui encontrou um grande apoio na Susana, depois de se ter divorciado e perdido os pais, tudo praticamente ao mesmo tempo. Ela tem sido o grande pilar da vida dele".
Para a professora, que é mãe dos 3 filhos mais novos de Rui Vitória - Joana, de 10 anos de idade, Matilde, de 9, e o pequeno Santiago, que nasceu no verão de 2016 - , ele também se mostrou especial. "A Susana também encontrou o homem certo. Ela é uma rapariga que sempre deu prioridade aos estudos e ao trabalho e nunca a vi com namorados. Acertou com o Rui, foi bom para os dois".
O empresário, que tem um estabelecimento perto do apartamento onde o casal morava, antes de se mudar para a Margem Sul, assevera a importância que Susana teve na vida de Rui, que estava bastante deprimido com a desgraça que se tinha abatido sobre si. "Ela acabou por ser uma espécie de salvação para ele, que estava mesmo muito em baixo, ainda".