O herdeiro misterioso da fortuna de Soares

Mário Barroso Soares, de 30 anos de idade, o terceiro e misterioso filho de Olímpia e João Soares, será o novo homem do leme à frente do Colégio Moderno. O historiador e gestor cultural que atualmente é consultor na Câmara de Lisboa será, em breve, anunciado como o sucessor da tia Maria Isabel Barroso Soares, solteira e com 66 anos de idade, no topo da hierarquia da instituição privada de ensino da família Barroso Soares, sedeada em Lisboa.

Depois da morte do avô, o antigo Presidente Mário Soares, aos 92 anos, no passado dia 7 de janeiro, o testamento será aberto e lá está registado que a escola privada de elite, que é o rosto dos negócios da família, será herdada pelo primeiro filho varão de Maria Olímpia Soares e do deputado socialista e ex-ministro da Cultura João Barroso Soares, de 67 anos de idade.

A decisão de passar a pasta do Colégio Moderno a Mário Barroso Soares aconteceu em vida de Maria de Jesus Barroso e Mário Soares quando o rapaz tinha somente 24 anos de idade. A opção de deixar o Colégio Moderno a Mário, tratado no seio da família Soares pelo 'petit nom' de "Marinho", aconteceu em finais de 2005, poucas semanas antes dos pais assinarem oficialmente os papéis do divórcio de um casamento que, legalmente, durou quase 31 anos.

Por deliberação dos então donos maioritários da escola, Maria de Jesus e Mário Soares, o terceiro filho de Olímpia seria o beneficiado com a posse e o cargo máximo no colégio da família. "O ‘Marinho’ é muito favorecido e o que melhor se posiciona para substituir a tia", confidenciou então a um amigo Maria Olímpia Soares, explicando ser essa medida decidida pelos patriarcas da família como "um contrapartida do divórcio", cuja dissolução se formalizou a 14 de março de 2006.

ENVOLVIDO EM POLÉMICA

O licenciado em História pela Universidade Nova de Lisboa, pós-graduado em Relações Internacionais pela universidade Católica de Lisboa e mestre em História e Comunicação pela Université Panthéon Sorbonne (Paris I) é um rapaz tão discreto que nem apareceu em público no velório e funeral do avô, nos dias 9 e 10 de janeiro, no Mosteiro dos Jerónimo, em Lisboa.

Marinho é solteiro e uma figura muito discreta. Segundo fonte da família, "odeia aparecer em público". O herdeiro de Soares passou parte da sua juventude em Bruxelas, quando o pai foi eurodeputado no Parlamento Europeu, e, na sua página do Facebook, refere com frequência textos sobre algumas das suas paixões, como cinema, fotografia e literatura, mas também publica imagens críticas às intervenções de Donald Trump e fotos favoráveis às causas homossexuais fraturantes, como o casamento e a adoção gay.A sua postura muito discreta, não o impediu de, em janeiro de 2016, se ver envolvido numa polémica que aqueceu as páginas dos jornais: foi contratado, a ganhar 2800 euros, mais I.V.A., para um lugar de assistente administrativo no gabinete da vereadora socialista Catarina Albergaria, na Câmara de Lisboa. 

Mário Barroso Soares nunca se defendeu publicamente, mas o pai, João, então ministro da Cultura, veio a terreiro defender o filho. "Os meus filhos não devem, nem têm, nenhuma espécie de privilégios, mas também por serem meus filhos não podem ser prejudicados", disse, ressalvando: "Sou um homem sério. Que sempre exerci funções públicas de forma desapegada de interesses materiais. Há, passe a imodéstia, muita gente tão séria como eu, mais do que eu não".