
A multiplicação de vozes no interior da RTP e no Governo a defender o aumento do financiamento do serviço público não teve efeito imediato. A intenção de aumentar a receita ficou bloqueada nos atuais preços da energia. Como a contribuição para o audiovisual é paga na fatura da eletricidade, o Governo não teve margem para aumentar o valor, porque o custo da luz está pela hora da morte. A alternativa surgiu agora, através de uma novidade anunciada no âmbito do Orçamento do Estado para 2022. A criação de uma nova taxa de 2 euros em todos os contratos de fornecimento de televisão por cabo vai criar uma receita adicional de 8,6 milhões de euros, que se destinará na totalidade ao serviço público. Quando uma empresa é deficitária significa que gasta mais que o dinheiro que obtém. Na vida real e entre os privados, sempre que há um défice de operação deste género, a única solução viável é reestruturar o funcionamento. Neste caso, tratando-se de uma empresa do Estado, a solução foi encontrar novas vias de financiamento.
Ora, aumentar o dinheiro que vai para a RTP é despejar milhões em cima do problema, sem criar qualquer movimento de regeneração da empresa, porque o que não funcionava bem não tem nenhum motivo para passar a funcionar melhor. Este ciclo vicioso entre falta de recursos, insistência em manter velhas práticas dispendiosas, e em consequência arranjar-se mais dinheiro para sustentar os erros e tapar o buraco não vai resolver nenhum problema, e só vai agravar as disfuncionalidades da empresa. Se vier a ser um facto consumado, duas coisas se exigem: em primeiro lugar, temos todos o direito de saber muito bem o que vai ser pago com este dinheiro, qual o plano da empresa. Depois, merecemos a garantia de que não voltaremos a ter o mesmo problema muito em breve. Mesmo que de garantias destas esteja o inferno cheio.
INFORMAÇÃO - ANTÓNIO JOSÉ TEIXEIRA
O aniversário da RTP3 foi pretexto para a instalação de uma tenda gigante no exterior do edifício da empresa, onde ocorreram debates e festas variadas. Na noite do aniversário do canal que já foi NTV e RTPN cantaram-se os parabéns e brindou-se ao canal. Tratou-se de uma festa despropositada e com todo o ar de ter custado bom dinheiro, supostamente para celebrar o aniversário de um projeto que mostra o fracasso da informação da RTP. Nesse dia, a RTP3 marcou 0,4% de share. O canal de notícias da RTP está a competir com o canal 11 da Federação de futebol na média anual. Isso sintetiza a valia e o sucesso ou insucesso do projeto.
PROGRAMAÇÃO - RTP2 SEM CRITÉRIO
Chama-se Apocalipse – a Segunda Guerra Mundial e é um documentário de elevadíssima qualidade sobre as batalhas decisivas do conflito. Com muita informação, imagens duras das batalhas, das baixas e do sofrimento sem par, uma realidade infernal apresentada em episódios bem estruturados. Problema – a RTP2 está a emitir a série às 11:18 da manhã, sem qualquer sentido, após uma manhã de programação infantil e no meio de um canal cuja programação parece estar desenhada para o público infantojuvenil. Se não é falta de noção, não se entende o que será.
SOBE - PAULO RANGEL
O discurso de apresentação de candidatura à liderança do PSD foi exemplar na forma e no conteúdo. Bem escrito, bem dito, bem encenado, e sobretudo com clareza na mensagem. Ultrapassar as fronteiras da bolha mediática de sites e televisões temáticas, e chegar ao grande público é, hoje, um dos principais desafios dos políticos e dos estadistas. Rangel teve uma primeira cartada magnífica nesse alargamento da mensagem. Televisivamente exemplar.
SOBE - THE VOICE
Arranque morno do formato de domingo à noite da RTP1, mas a derrotar a SIC e a ficar muito perto da TVI. The Voice eleva o canal 1 da RTP a outro patamar. A qualidade de sempre da produção. Catarina Furtado está na melhor fase da sua carreira, e vamos assistir a esse esplendor nesta edição do concurso, até ao fim do ano.
DESCE - BOM DIA
Segunda de manhã, 9 horas e 45. Florêncio Almeida, presidente da ANTRAL, em estúdio no programa da manhã da RTP1. Irá responder à investigação jornalística, que em parte tem passado pela própria RTP1, no programa Sexta às 9, sobre os bens do ex-banqueiro em fuga, João Rendeiro, e as suas ligações patrimoniais ao rei dos táxis e ao seu filho? Não, afinal Florêncio Almeida está a comentar o aumento do preço dos combustíveis. A RTP faz contravapor às suas próprias investigações jornalísticas.