
Na decisiva batalha de domingo à noite, o mês de Agosto é um desafio acrescido. Por um lado, há muito menos gente a ver televisão: domingo passado, por exemplo, o programa mais visto do dia teve apenas, em média, 890 mil espectadores. Além de as audiências serem mais baixas, o consumo do cabo dispara.
No dia referido, os canais FTA, ou seja, de acesso livre (RTP1, RTP2, SIC e TVI) representaram apenas 46,4% do consumo televisivo, quando a média anual é de 53,9%. Ou seja: fruto, sobretudo, das férias, e das consequentes deslocações da população, Agosto tem menos portugueses agarrados à televisão, e o consumo atinge o nível máximo de dispersão e fragmentação.
É neste contexto que volta a surgir o programa 'Não Há Crise!' nos serões da SIC. Este ano, baseia-se sobretudo em apanhados comprados por atacado no mercado internacional, a custo muito baixo, entrecortados por pivôs gravados num estúdio com croma simples. Os resultados são bons: a SIC lidera um horário onde, ao longo do ano, lançou formatos bem mais caros, como 'Agarra a Música', 'Just Duet' ou 'Best Bakery'. Todos sem qualquer hipótese.
Ora, acabado o Verão, os programas de apanhados resistiriam em horário nobre? A ideologia predominante nas televisões generalistas defende que se trata de formatos sem dignididade para o resto do ano. Bem sei que são baratos demais para manterem a exigência orçamental, digamos assim, mas, na verdade, com um custo tão baixo e uma produção tão simples, será que não se justifica o sacrifício da tal "ideologia predominante"?